Pré-candidato à Prefeitura de Campo Grande pelo PDT, o deputado estadual Lucas de Lima espera surpreender quem o considera azarão na corrida eleitoral de 2024. A seu favor está o histórico de sucesso que ex-apresentadores de programas de rádio e TV conquistaram ao conseguir o comando do Paço Municipal.
Algo que virou motivo de brincadeira quando era vereador da Capital, Lucas, na verdade, tem como nome de batismo Luiz Carlos Correia de Lima. “O diretor da rádio achava o nome Luiz Carlos muito sério. E como meu sonho na época era ser padre, aí busquei um nome bíblico”, explica. Ele é natural de São Martinho d’Oeste, distrito do município de Alto Alegre, interior de São Paulo.
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“Minha família veio pra cá em 1973, meus pais são nordestinos e viviam da agricultura. Eles receberam uma proposta e vieram morar em uma fazenda da região de Camapuã. Passado alguns anos, nos mudamos pra cidade de Bandeirantes, onde fiquei até meus 15 anos de idade. Desde os 15 anos moro em Campo Grande, ou seja 39 anos”, conta Lucas de Lima.
Prestes a completar 54 anos de vida, faz aniversário em 3 de agosto, Lucas é radialista há mais de 30 anos e atua como apresentador e diretor de uma emissora de TV. Além disso, já foi empresário no ramo noturno de eventos, promoter, comerciante e é acadêmico de Direito. O sucesso, porém, que o faz ser conhecido em todo o Estado, veio através do programa “Amor sem Fim”, que inclusive utiliza em seu registro na Justiça Eleitoral.
“Lucas de Lima do Amor Sem Fim” faz a alegria dos fãs graças à voz romântica que ecoa pelas ondas do rádio, em programas carregados de conselhos amorosos. “O Último Romântico”, título de um dos livros que escreveu, tentou em 2014 expandir ainda mais sua atuação. Naquele ano, disputou pela primeira vez uma vaga na Assembleia Legislativa, sem sucesso.
Dois anos depois, conquistou uma cadeira na Câmara de Vereadores, quando era filiado ao Solidariedade, entretanto, ficou no cargo por apenas dois anos. Já que, em 2018, foi eleito deputado estadual e reeleito em 2022, pelo PDT, sendo o mais votado em Campo Grande, com 16.566 votos.
Lucas atrela seu êxito político ao sucesso nos programas de rádio, que se ampliou para as redes sociais, onde possui mais de 1 milhão seguidores no Facebook, 102 mil no Instagram, e um canal no YouTube.
“Acredito que isso aproxima da população. Através do programa de rádio e da TV, consigo estar do lado da população e fico por dentro de tudo que está acontecendo na cidade. Pois a senhora lá do bairro tem o meu contato, fala comigo. Sou um canal de voz da população. E estou sempre presente nos bairros, me colocando à disposição do povo”, afirma.
O deputado acredita que a tradição recente de apresentadores que viraram prefeitos pode ser um bom sinal e o deixa otimista. Nelsinho Trad (2005-2012), Alcides Bernal (2013-2016) e Marquinhos Trad (2017-2022) tiveram passagens pelo rádio e televisão.
A maior similaridade acaba sendo com Bernal, pelo trabalho no rádio e por estar fora de um clã político, mas Lucas de Lima evita comparações.
“Não podemos ligar pessoas à profissão”, defende. Quanto a não ter um sobrenome de família tradicional na política, ele diz: “Não pertenço ao grupo de poderosos do Estado. Venho do povo e quero representar esse povo”.
Além disso, o parlamentar sabe que terá pela frente uma parada dura, pois enfrentará a candidata à reeleição Adriane Lopes (PP), que tem como principal cabo eleitoral a senadora Tereza Cristina (PP), e Beto Pereira (PSDB), o candidato da máquina estadual tucana, que domina mais da metade das prefeituras em MS.
“Eu sei o que está me falando, não será fácil. Mas vamos à luta e tentar quebrar paradigmas. Eu andei de ônibus a maior parte da minha vida. Dependi do SUS. Sei o que o povo passa. E quero trabalhar para a periferia, para as pessoas mais simples, que lutam para colocar um filho na creche que não tem vaga, um remédio que não tem no posto de saúde, o sonho de ter uma casa própria. E por aí vai”, declara.
“Mas não adianta só ter poder e estrutura financeira, tem que combinar com o povo. Campo Grande tá cansado dos mesmos. Precisamos oxigenar com algo novo”, rebate. Em seu terceiro mandato, porém, evita se considerar um político experiente.
“Acredito que nunca somos experientes o bastante. Sempre aprendendo. Sempre existirá um fato novo, algo que podemos acrescentar. Tenho procurado aprender constantemente. Inclusive estudando Campo Grande, os problemas, as soluções”, encerra.