As quatro empresas investigadas na Operação Cascalhos de Areia receberam R$ 844 milhões em uma década das prefeituras de Campo Grande, Corumbá e Três Lagoas e do Governo do Estado. O Ministério Público Estadual deflagrou a investigação para apurar os crimes de corrupção, peculato e fraude nas licitações nos contratos feitos com a prefeitura da Capital.
De acordo com levantamento do jornal Correio do Estado, a maior beneficiada é a AL dos Santos, construtora de André Luiz dos Santos, o André Patrola. Ele teria recebido R$ 391,6 milhões do poder público, considerando apenas os contratos firmados com os três municípios e a administração estadual na gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB).
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Corumbá teria firmado R$ 170,5 milhões em contratos, sendo R$ 92,4 milhões já encerrados e R$ 78 milhões em convênios ativos. O Governo estadual repassou R$ 165,6 milhões desde 2021. A maior parte foi repassada na gestão do atual prefeito, Marcelo Iunes (PSDB). Nos últimos dias, a gestão de Eduardo Riedel (PSDB) suspendeu os contratos com a empreiteira de André Patrola.
O menor repasse foi feito pela Prefeitura da Capital, R$ 25 milhões, na gestão de Marquinhos Trad (PSD). O ex-prefeito afirmou que todo o processo licitatório seguiu os trâmites legais e não houve irregularidade.
A JR Comércio e Serviços teria recebido R$ 276,2 milhões das prefeituras de Três Lagoas (R$ 43,3 milhões) e de Campo Grande (R$ 232 milhões), conforme o levantamento do jornal. A MS Brasil Comércio e Serviços recebeu R$ 135,8 milhões das prefeituras de Campo Grande e Três Lagoas.
O volume de recursos mostra que o grupo foi beneficiado por uma bolada quase bilionária ao longo dos últimos 10 anos em Mato Grosso do Sul. Dono oficial de uma das empresas, Adir Paulino Fernandes, contou à polícia que sobrevive de renda mensal de R$ 2,5 mil com a venda de queijos. No entanto, ele foi o responsável pela assinatura do contrato com a Prefeitura de Três Lagoas, que renovou em fevereiro deste ano.
Os promotores Adriano Lobo Viana de Resende e Humberto Lapa Ferri investigam a suspeita de que alguns contratos eram simulados para desviar dinheiro público. Auditoria do GECOC (Grupo Especial de Combate à Corrupção) mostrou que alguns serviços para colocar cascalho na Capital não teriam sido executados.
Nenhum dos envolvidos se manifestou oficialmente até o momento sobre as investigações.