Professores de Mato Grosso do Sul protestaram na Assembleia Legislativa para pedir liberdade de cátedra, de ensino e pensamento nas salas de aula, durante a sessão desta terça-feira (27). A manifestação é reação aos deputados que aprovaram um requerimento contra uma professora que classificou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como político de extrema-direita.
O movimento foi organizado pela Fetems (Federação dos Trabalhadores da Educação de MS) e ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública). Os professores interromperam, por alguns minutos, o início do trabalho ao lerem, em uníssono, a Carta Magna que garante a liberdade de cátedra.
Veja mais:
MPE pede condenação de Rafael Tavares e o compara a bolsonarista condenado pelo STF
Protesto de professores marca aprovação do reajuste de 5% aos servidores estaduais
Após “perder” mandato, Rafael Tavares vai a julgamento em abril por ódio contra negros e gays
Ao fim da leitura, os professores gritaram “Fora, Tavares”, em referência ao deputado bolsonarista Rafael Tavares (PRTB), que encabeça os ataques feitos contra a classe. As manifestações irritaram o presidente Gerson Claro (PP), que chamou de falta de respeito. Pedro Kemp (PT) saiu em defesa do protesto. “Essa Casa, ao meu ver, faltou com o respeito quando votou o requerimento do deputado perseguindo uma professora”.
“A professora tem o seu direito de exercer a sua profissão, a liberdade de cátedra foi desrespeitada. Então, é legítimo a manifestação dos professores que dão apoio a sua colega para ter direito de trabalhar, sem ser perseguida, sem ser filmada por fazer o seu trabalho em sala de aula”, prosseguiu Kemp.
Após a declaração do petista, o trabalho continuou no plenário.
Presidente da Fetems, Jaime Teixeira fez coro às críticas contra Tavares, por divulgar e desvirtuar o conteúdo de vídeos feitos dentro de salas de aulas, onde uma professora explicava diferenças entre as definições de gênero biológico, e outra falava da extrema-direita brasileira.
“O professor está exercendo o seu trabalho conforme a Liberdade de Cátedra e a LDB permitem, e o parlamentar fica nas redes sociais os atacando moralmente”, disse Teixeira ao site Campo Grande News.
O presidente da ACP, Gilvano Kunzler Bronzoni lembrou das deficiências estruturais para o ensino e dos desafios diários enfrentados pelos professores.
“O professor é o culpado por tudo? Não, não, não. O professor é quem está assegurando e formando a população: criança, adolescente e até os adultos do EJA (Ensino para Jovens e Adultos), mesmo com toda falta de estrutura que tem a educação”, relatou.
Rafael Tavares optou por debochar do protesto. “Se o sindicato achou que ia me intimidar, achou errado. Vem tranquilo…”, publicou ontem. “Sindicatos petistas irritados com sucesso”, divulgou hoje, após a sessão.