Em considerável parcela do relatório da operação Cascalhos de Areia, deflagrada pelo MPE (Ministério Público Estadual) para investigar contratos de obras da Prefeitura de Campo Grande, se destaca um nome: Edcarlos Jesus Silva.
Aos 42 anos, ele está ligado a três empresas, contratadas por R$ 326 milhões pela administração municipal, apesar das suspeitas da promotoria sobre a capacidade da execução das obras, diante do número insuficiente de máquinas e pessoal para cumprir contratos.
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Conforme cadastro na Receita Federal, o empresário é o único dono da MS Brasil Comércios e Serviços, contratada para locação de maquinário e caminhões. A empresa funciona em rua residencial do Jardim Paulista, na Capital.
Edcarlos também é um dos donos da Engenex Construções, que firmou contratos com a prefeitura de Campo Grande para conservação de vias não pavimentadas em bairros das regiões urbanas do Lagoa e Imbirusssu. Levantamento do MPE coloca em xeque a realização dos serviços, com suspeita de superfaturamento e valores pagos sem qualquer fiscalização. Nesta empresa, Edcarlos tem 90% das cotas e é sócio do sobrinho Paulo Henrique Silva Maciel (10%).
A Engenex foi aberta em 2011 por Mamed Dib Rahim, empresário que foi alvo do Gaeco em 2020 na operação Penúria (superfaturamento de cestas básicas vendidas ao governo na pandemia). No ano de 2021, Mamed deixou o quadro societário, apesar de a empresa estar no azul, com saldo remanescente de R$ 10,1 milhões em contratos com a prefeitura.
Com capital social de R$ 950 mil, a empresa funciona em imóvel no Jardim Monte Alegre, num endereço compartilhado com a JR Comércios e Serviços Ltda, que mantém contratos de R$ 224 milhões com a Prefeitura da Capital pela locação de maquinários e caminhões. Aqui, a suspeita é de que Edcarlos seja sócio oculto.
Oficialmente, a JR é de propriedade de Adir Paulino Fernandes, 65 anos, sogro de Edcarlos. Ao ser preso por posse irregular de arma de fogo, Adir contou que vende queijo e tem renda mensal de R$ 2.500.
A investigação revelou que o genro tinha procuração do sogro, com plenos poderes sobre a JR Comércios e Serviços. Outorgado em abril de 2019, o documento não tem prazo de validade e concedia plenos amplos poderes a Edcarlos. A empresa tem capital social de R$ 500 mil.
A ligação de Edcarlos Jesus Silva com a JR foi identificada na análise de dados de Mamed Dib Rahim na Operação Penúria, onde e-mail informa que Edcarlos também era responsável direto pela JR Comércios.
Edcarlos também é alvo de ação na Justiça da Operação Toque de Midas, em que a PF (Polícia Federal) apurou irregularidade em licitações da Prefeitura de Paranhos.
“Através de pesquisas em fontes abertas, apurou-se que Edcarlos Jesus Silva possuiu vínculos e/ou representou várias empresas, que atuam em variados ramos, durante licitações públicas, inferindo-se que tenha atuado/atua como prestador de serviços e/ou especialista em licitações”.