*Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank
A semana foi marcada pela reunião do Copom e pelo posicionamento duro do Banco Central referente à economia brasileira.
Na segunda-feira (21), o Ibovespa chegou a superar os 120 mil pontos, atingindo o maior patamar desde abril de 2022, com o mercado na expectativa pelo resultado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Porém, um comunicado considerado mais hawkish (agressivo) derrubou o índice das máximas do ano, levando principalmente as ações fortemente penalizadas por juros elevados, como as varejistas e construtoras, por exemplo
De todo modo, o Copom seguiu na linha do que era amplamente esperado, manteve a Selic em 13,75% e ajustou a comunicação com a retirada do trecho sobre a possibilidade de retomar ciclo de ajuste. Porém, existia um otimismo do mercado e dos especialistas, até certo ponto exagerado, de que o comitê indicaria um viés de queda dos juros.
Como de costume, não cravou o momento do início do ciclo de afrouxamento monetário e pareceu mais preocupado em reforçar as incertezas e necessidade de ‘paciência e serenidade’, uma vez que o processo desinflacionário ‘tende a ser mais lento’ e que as expectativas ‘permanecem descoradas’.
Particularmente, acredito que o mercado esperava maior flexibilidade e reconhecimento de um cenário mais benigno, mesmo que nas entrelinhas, como é de costume deste tipo de comunicado. E para quem estava comprado na expectativa de redução da Selic já em agosto, o comunicado foi um balde de água fria.
Na semana que vem, a curva de juros pode refletir a comunicação mais conservadora. Coincidência, ou não, a ponta curta da curva do DI apresentou alta ao final da sessão desta quarta-feira.
Dólar
O dólar essa semana chegou na sua menor cotação em mais de um ano.
Considerando o contexto atual, o risco de uma correção é maior do que a oportunidade de uma queda mais acentuada
Não sabemos como vai ser no final do ano. Mas, de acordo com as variáveis que estão no radar para o próximo semestre, é possível imaginar que vamos ter um dólar mais baixo, mas não há nenhuma garantia que a cotação vai continuar baixa.
Então, aos investidores que querem comprar a moeda norte-americana, se você não tem plano de viagem agora, não vejo necessidade de comprar a moeda. Eu particularmente compraria o dólar apenas para estratégia de investimentos
Também pensando numa trajetória mais de tendência, a probabilidade é que a taxa de câmbio caia ainda mais. Porém, também existe uma espécie de sazonalidade dos fluxos comerciais cambiais, que tende a valorizar o câmbio mais no primeiro semestre que no segundo
De qualquer forma, se não há certeza de mais valorização, é improvável uma desvalorização forte do real, a não ser por fatores excepcionais inesperados. A maior probabilidade é continuar em torno desse número ou valorizar um pouco mais, sempre com oscilações.
*Luiz Felipe Bazzo é CEO do transferbank, uma das 15 maiores corretoras de câmbio do Brasil. O executivo também já trabalhou em multinacionais como Volvo Group e BHS. Além disso, criou startups de diferentes iniciativas e mercados tendo atuado no Founder Institute, incubadora de empresas americanas com sede no Vale do Silício. O executivo morou e estudou na Noruega e México e formou-se em administração de empresas pela FAE Centro Universitário, de Curitiba (PR), e pós-graduado em finanças empresariais pela Universidade Positivo.