A Operação Cascalhos de Areia teve início com denúncia anônima de que o empresário André Luiz dos Santos, o André Patrola, seria laranja de Marquinhos Trad (PSD) para compra de imóveis. O ex-prefeito ressaltou que é amigo do empreiteiro, mas negou ter feito qualquer negociação. “Eu nunca fiz negócios com ele”, rebateu o ex-prefeito.
Na quinta-feira (15), o Ministério Público Estadual comandou a ofensiva para cumprir mandados de busca e apreensão contra cinco empresas, o ex-secretário municipal de Infraestrutura, Rudi Fiorese, empresários e servidores municipais. Os promotores apuram os crimes de peculato, corrupção passiva e ativa e fraude à licitação.
Veja mais:
Dono de empresa com capital de R$ 500 mil diz que ganha R$ 2,5 mil com venda de queijo
Operação Cascalhos de Areia mirou cinco empresas e ex-secretário de Infraestrutura
Com aval do TJ, MPE deflagra operação contra desvios e mira R$ 300 milhões em contratos
A investigação teve início com uma denúncia anônima, conforme destacado no acórdão da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. “André Luiz dos Santos venceu essa licitação em processo fraudado para beneficiar sua empresa, que é empresa de fachada do prefeito Marquinhos Trad. O assunto da licitação foi sobre via não pavimentada, para evitar fiscalização na execução dos trabalhos”, diz trecho da denúncia.
“Contrataram apenas uma pá-carregadeira por uma semana, para que o fiscal tirasse fotos dos serviços. O valor milionário foi utilizado para a aquisição de imóveis em Campo Grande, para uso família Trad, em nome de André Luiz dos Santos”, descreve. “Estamos cansados de nos submeter a esse sujeito na prefeitura municipal, pois nos obrigam a fraudar licitação, já que a ordem vem de cima”, concluiu.
O juiz Waldir Peixoto Barbosa, da 5ª Vara Criminal de Campo Grande, negou o pedido do MPE para investigar os empresários. Os promotores Adriano Lobo Viana de Resende, do GECOC (Grupo Especial de Combate à Corrupção), e Humberto Lapa Ferri, da 31ª Promotoria do Patrimônio Público, recorreram e conseguiram o aval do TJMS para deflagrar a operação.
No entanto, Marquinhos não foi alvo da Operação Cascalhos de Areia. “A denúncia anônima teria sido feita em seis a sete linhas em uma folha de caderno”, reagiu o ex-prefeito. “Não tem nenhum fundamento”, rebateu.
“O André Patrola é meu amigo, como outros são amigos dele”, destacou Marquinhos. “Eu nunca fiz negócios com o André Patrola”, rebateu, relatando que outros políticos poderosos e empresários, inclusive donos de veículos de comunicação, mantêm negócios com o dono das empresas AL dos Santos e ALS Transportes.
“Não tenho nem quintal em casa, imagine fazenda”, afirmou o ex-prefeito. Ele diz que é a bola da vez da ofensiva porque deixou o cargo, assim como o ex-governador André Puccinelli (MDB), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o irmão, o ex-prefeito da Capital e senador, Nelsinho Trad (PSD).
Para Marquinhos, a ofensiva é uma reação a sua popularidade diante do eleitorado da Capital. Ele disse que levantamentos revelam que a população está com saudades da sua gestão. “”Eu apareço disparado na frente”, contou. No entanto, Marquinhos não poderá ser candidato nas eleições de 2024 porque já foi reeleito para um mandato em 2020.
Os principais alvos da investigação são os empresários André Luiz dos Santos, o Patrola, dono das empreiteiras AL dos Santos e ALS Transportes; Mamed Dib Rahim; Edcarlos Jesus da Silva e Paulo Henrique Silva Maciel, sócios das empresas MS Brasil Comércio e Engex Construções; e Adir Paulino Fernandes, da JR Comércio e Serviços.
O MPE suspeita que as empresas receberam mais de R$ 300 milhões da prefeitura entre 2017 e 2022, mas não executaram os serviços previstos nos contratos.