Albertino Ribeiro
Isso mesmo! Por que você leitor, que ler esta coluna aos domingos, acha que estou enganado? Mas não culpo você, pois a mídia coorporativa, patrocinada por aqueles que possuem visão ortodoxa da economia, bombardeia-nos diariamente com inverdade de que os encargos sociais torna o Brasil menos competitivo.
O carro no Brasil é mais caro que nos EUA, por exemplo, por motivos diversos. Alguns, apressadamente dizem que é por causa dos impostos. Contudo, sozinhos, os impostos não são responsáveis pelo alto preço do automóvel.
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Vamos começar pela margem de lucro. Vamos tomar os EUA como comparação, pois é o país mais citado quando reclamamos do valor dos nossos veículos. Por lá, a margem de lucro das montadoras é de 3%; por seu turno, no Brasil, a margem está em torno de 9%, ou seja, o triplo da praticada pelo tio Sam. Soma-se a isto, é claro, a carga tributária, que é de apenas 7% nos EUA, contra 32% aqui no Brasil.
Vou trazer um elemento novo, que é pouco falado na comparação de preços de carros entre o país da águia e o nosso canarinho; chama-se economia de escala. Explicando de maneira simples, o custo unitário de um carro fabricado é menor quanto maior for a escala de produção.
Sendo assim, um mercado consumidor grande, promove ganhos de escala. Ora, ano passado, o Brasil vendeu perto de 1,9 milhões de carros. Um número muito pequeno, quando comparado ao mercado americano, que vendeu 13,8 milhões, ou seja, as montadoras nos EUA venderam sete vezes mais carros que as congêneres brasileiras.
O custo do trabalho não é o vilão
Segundo o site glasdoor.com.br, o salário de um operário que trabalha na linha de produção de carros aqui no Brasil é de R$ 2,7 mil. Agora vamos dobrar este valor, acrescentando os encargos sociais obrigatórios; assim chegamos a conta de R$ 5,4 mil. Bom, não é mesmo?
Examinemos agora, o salário pago ao mesmo profissional da linha de produção das montadoras americanas, que é U$$ 4.670. Para clarificar a comparação, vamos transformar em dólares a remuneração do nosso incansável trabalhador brasileiro; ela vai ficar em U$$ 1.080.
Olha só, leitor, o custo do operador americano é 4,32 vezes maior que o custo do operário brasileiro. Então, mesmo com os encargos sociais, a nossa mão-de-obra é ainda mais barata, e bem mais barata.
Outro dia assisti à entrevista do deputado e pastor Marcos Feliciano a um canal do YouTube. O parlamentar afirmou que o maior problema do Brasil eram os encargos sociais que os trabalhadores recebiam. Para ele, a solução seria o Brasil acabar com o décimo terceiro, férias e horas-extras. Sai de retro satanás!
É algo lamentável e perigoso, pois uma mentira repetida várias vezes termina virando verdade. E é justamente essa mentira que ouvimos todos os dias e que, infelizmente, está fazendo a cabeça de muitos trabalhadores que, fazendo coro com as elites escravocratas, agem como se fossem “capitães do mato de si mesmos”.