O deputado estadual Zeca do PT pretende disputar o comando da Prefeitura de Campo Grande nas eleições de 2024. Apostando em uma direita dividida, com três candidatos fortes, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como um cabo eleitoral forte, o ex-governador se prepara para disputar o cargo de prefeito da Capital pela 3ª vez.
Na primeira vez, em 1992, José Orcírio Miranda dos Santos obteve 42.042 votos e por uma diferença de 12 mil votos não foi para o segundo turno contra Juvêncio César da Fonseca (MDB). O emedebista derrotou Marilu Guimarães (PFL) no segundo turno.
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Na segunda tentativa, Zeca do PT bateu na trave em 1996. O petista chegou a ganhar no primeiro turno, com 101.657 votos contra 81.217 de André Puccinelli (MDB). No polêmico confronto do segundo turno, o petista acabou derrotado por míseros 411 votos, ao fazer 130.713 votos, contra 131.124 de Puccinelli.
Foi o melhor desempenho do PT nas eleições municipais em Campo Grande. Em 1998, Zeca do PT foi eleito governador do Estado com 548.040 votos (61,27%) no segundo turno. Em 2002, ele derrotou Marisa Serrano (PSDB) no segundo turno e foi reeleito para um segundo mandato.
Primeiro deputado estadual eleito pelo PT, em 1990, com 4.217 votos, Zeca foi reeleito em 1994. Antes de retornar para a Assembleia Legislativa neste ano, ele foi vereador da Capital e deputado federal em 2014.
Com o PT em baixa, ele acabou sendo atropelado pela zebra, a advogada Soraya Thronicke (União Brasil) na disputa do Senado em 2018. A outra vaga ficou com Nelsinho Trad (PSD). O ex-governador ficou desanimado e até ensaiou abandonar a política.
A eleição de deputado estadual e volta de Lula ao Palácio do Planalto o animaram para voltar com tudo à política. Integrante da velha guarda do PT, Zeca anunciou, na última quarta-feira, que é pré-candidato a prefeito de Campo Grande.
De acordo com o petista, ele espera ter sorte na disputa porque a direita vai estar dividida, com três candidatos: a prefeita Adriane Lopes (PP), o deputado federal Marcos Pollon (PL) e o deputado federal Beto Pereira (PSDB). Por outro lado, Zeca espera surfar na popularidade de Lula, que ele acredita estará em alta nas eleições de 2024.
Zeca vai começar a formar a base da pré-campanha nos próximos dias. Ele até definiu algumas bandeiras, como o IPTU Progressivo, aprovado pelo legislativo para combater a especulação imobiliária, mas nunca saiu do papel.
Outra prioridade será combater os vazios urbanos, uma obsessão do petista desde quando foi candidato pela primeira vez. Na sua avaliação, ao permitir os terrenos sem ocupação, o poder público acaba tendo mais gasto para levar infraestrutura para a população, como asfalto, água, luz e coleta de lixo.
O ex-governador pretende priorizar o combate à pobreza. No entanto, ele faz questão de ressaltar que não pretende manter a política assistencialista, que não cria perspectiva de o cidadão evoluir.
Zeca passa a colocar o nome para ser submetido ao escrutínio do eleitor junto com Adriane Lopes, que trocou o Patriotas pelo Progressista para ganhar musculatura política na primeira disputa. Beto Pereira vai ser o nome do PSDB e contará com o apoio do governador Eduardo Riedel. Marcos Pollon apostará no prestígio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O deputado estadual Lucas de Lima (PDT) é outro nome definido para a sucessão municipal de 2024. O PSDB, PT, PL e PDT nunca ganharam a disputa pela prefeitura da Capital.
O maior desafio de Zeca do PT será combater a alta taxa de rejeição no eleitorado campo-grandense. Caso decida apostar na disputa, ele vai precisar o exemplo de Lula em 2002, quando reconstruiu a imagem para reduzir a sua e a rejeição do partido junto aos brasileiros. Agora, se não tiver essa preocupação, o ex-governador vai ter dificuldades até para chegar ao segundo turno.