Albertino Ribeiro
O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre deste ano surpreendeu os especialistas. Todos esperavam um crescimento mais modesto de, no máximo, 1,3%. Contudo, a economia cresceu 1,9%. Esta taxa anualizada pode significar um aumento de 8%, ou seja, um crescimento à moda chinesa.
Muitos se perguntam: “como é possível um país crescer quase 2%, ainda no primeiro trimestre, com uma taxa real de juros – taxa de juros nominal menos inflação -, de 6,94% que é a maior do mundo?”. Logo atrás do Brasil, com taxas de juros mais modestas, estão México (6,05%) e Chile, com 4,92%.
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Realmente, a tão sofrida economia brasileira insiste em existir e, mesmo enfrentando dificuldades de todos os tipos, como a corrupção endêmica, um congresso reacionário e um Banco Central medroso, não desiste de ser uma país com vocação de tornar-se uma grande nação desenvolvida.
O grande destaque do PIB, mais uma vez, foi o setor agropecuário, que cresceu 21%, graças a supersafras e créditos generosos do governo federal. Este setor primário da economia brasileira vem surfando nas altas ondas das commodities e valorização do dólar, que permanece ainda próximo a casa dos R$5,00.
Contudo, é importante que o País não dependa somente da agricultura e pecuária para crescer e se desenvolver; é necessário pensar numa política industrial, que possa alavancar o País à condição de economia desenvolvida, gerando empregos de qualidade e distribuindo renda.
O governo Lula e o BNDES já sinalizaram que o Brasil não quer ser apenas o “fazendão do mundo”, exportando produtos primários brutos ou manufaturas com baixo valor agregado, mas deseja fomentar uma indústria de primeiro mundo, capaz de competir no mercado internacional e melhorar sua inserção na divisão internacional do trabalho.
Com todo respeito ao agronegócio brasileiro, não existe, no mundo, nenhum país efetivamente rico, cujo principal motor da economia seja o setor primário. A política industrial é premente para o desenvolvimento do Brasil.
“Sem indústria dinâmica e inovativa não há desenvolvimento.”