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    No Divã em Paris – O cinismo moderno

    Edivaldo BitencourtBy Edivaldo Bitencourt27/05/20234 Mins Read
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    Mário Pinheiro, de Paris

    Na Antiguidade, Diógenes inaugurou um tempo novo de viver com os cães, num tonel, de copular em público e dizer as verdades que ninguém ousava vociferar, “sem cidade, sem casa, sem pátria, miserável, errante vivendo dia após dia”. Estava sempre pronto pra morder, cobrir de injúrias e sarcasmos quem o interrogasse.

    Ele era singular e causava sensação. A ausência de pudor fazia dele um mendigo famoso, conhecedor das vontades proibidas e da falsidade que carrega cada pessoa, que seja político, magistrado, grudado na avareza ou dependente do orgulho. Mas o cinismo viaja, encontra morada nos guardiães da moral e do destempero. É a atitude malsã diante da vida. O cinismo estava grego.

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    O cinismo já esteve com a família Borgia, dona da verdade na Idade Média, até nos métodos de investigação eclesial das inquisições. Durante muito tempo os conquistadores vestiram o cinismo católico para investir contra os ameríndios, em nome da santa madre igreja, o ouro e as riquezas naturais lustravam o fio da espada e o sorriso sujo da ingratitude.

    Mais tarde, se fez presente na magistratura alemã que deu sinal verde ao chefe do Reich para perseguir e prosseguir com as eliminações em nome da raça pura. O cinismo estava alemão.

    Quando Albert Camus fez seu discurso na ocasião em que recebia o Prêmio Nobel de Literatura em 1957, os argelinos estavam em pé de guerra contra a França, em busca de emancipação e liberdade. O povo esperava dele uma voz engajada pela libertação, o qual recebeu uma enxurrada de críticas por ter perdido a chance de tomar partido de x contra y.

    O cinismo é conhecido na falta de reconhecimento. Camus sempre assumiu ser francês de origem argelina, cujo passado miserável ficara na cidade natal de Dréan, onde a mãe, analfabeta, torcia pelo filho andarilho e glorioso. Naquela ocasião, o exército francês desenvolveu as técnicas mais monstruosas de tortura contra os opositores da colonização. O cinismo estava francês.

    O cinismo estacionou no Brasil quando a ditadura tomou o poder, perseguiu e eliminou pessoas inocentes. Era o vai e vem das botas chutando o traseiro e castigando quem se opusesse e ousasse criticar o governo. O cinismo se transforma também, veste outras máscaras, rasga o verbo com palavrões sem conhecer a semântica nem a própria gramática.

    A diferença do cinismo moderno, se comparado aos antigos,  é que antes havia sabedoria, subversão do júbilo retórico, porém, hoje, é materialista e se diz espiritual, é laxista, odiosa, mentirosa e pode até fazer rachadinhas ou falsificar carteira de saúde; ou ainda comprar quilos e quilos de pescoço de franco ao preço absurdo de 260 reais, distribuir Viagra e próteses penianas a generais escrotos.

    O cinismo moderno mata ao dar aval aos garimpeiros, faz do agrobusiness um rico grande produtor que utiliza pesticida, o mesmo pesticida que distribui câncer nos grãos, nos cereais, no milho, na farinha, no prato de comida.

    Diógenes obteve atenção de líderes políticos de sua época. Os de hoje usam a mentira da forma mais vil, corrompem magistrados, mexem no tabuleiro da polícia federal pra evitar que a merda respingue em sua rotina. O cinismo moderno faz de conta, age com indiferença diante dos que dormem nas ruas por falta de política pública.

    (*) Mário Pinheiro é jornalista pela UFMS, mestre em Sociologia da Comunicação, filósofo e doutor em Ciências Políticas ambos por Dauphine, Paris. Ele escreve aos sábados.

    coluna de sábado filosofia MÁRIO PINHEIRO NO DIVÃ EM PARIS opinião

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