Maior planície alagável do planeta, o Pantanal tem previsão de ter mais temporadas de seca, o que pode alimentar incêndios, principalmente diante do aumento do calor. Se o aquecimento global até 2020 foi de 1.2 ºC, o aquecimento regional em algumas áreas pode ser bem maior. Caso do Pantanal, que ficou até 4 ºC mais quente do que a média de 1991 a 2010. O dado é de 2020, ano em que as queimadas o devoraram.
“O risco de incêndios pode aumentar e, assim, mais queimadas podem acontecer devido a uma possível combinação de mais secas e mais ondas de calor. Isso já aconteceu de 2019 a 2022”, lembra o pesquisador José Marengo, que atua no Cemaden (Centro de Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres) e é um dos responsáveis pela Rede Pantanal.
Veja mais:
Plano contra fogo no Pantanal prevê R$ 22 milhões e inclui de contrato exclusivo de aeronave a curso para PF
Em meio a protesto, deputado apela a colegas para evitar que Pantanal vire nova fronteira agrícola
Assembleia sepulta sonho de Amarildo de proibir soja no Pantanal
De acordo com Marengo, a estação seca está ficando mais longa, desta forma, a estação chuvosa chega mais tarde. “Uma estação seca mais longa pode aumentar o risco de fogo. A seca, combinada com altas temperatura e secura do ar, aumenta o risco de fogo. Em 2020, a seca e a onda de calor que afetou a região Pantanal na Primavera aumentaram o número de queimadas. A situação continuou em 2021 e 2022, ainda que com menos intensidade”, afirma o pesquisador.
As cheias, que também marca o pulso da vida no bioma, que oscila entre inundação e seca, não devem ser prolongadas. Ou seja, não serão capazes de manter a planície alagada por vários anos seguidos. A série histórica de monitoramento da vazão do Rio Paraguai, o maior do Pantanal, em Ladário, mostra que a seca da década de 70 foi até pior do que a atual. Contudo, as mais recentes têm maior impacto sobre o bioma, população e agronegócio.
Para o futuro do Pantanal, a tendência é de anos mais secos. Vale lembrar que as águas também ajudam a proteger o bioma da ocupação humana. Pantanal seco resulta na expansão da ocupação de áreas.
“Podem ter chuvas intensas, mas é pouco provável que chova mais no futuro e que aumente o tempo de alagamento na planície. Porém extremos podem acontecer, e pode ter anos chuvosos, porém não com tanta forca como para manter a planície alagada por vários anos seguidos. Estes períodos chuvosos intercalados com anos secos, mas a tendencia é mais anos secos”, aponta Marengo.
O Pantanal funciona como um grande reservatório, causando uma defasagem de até cinco meses entre as entradas e saídas, o chamado pulso das águas.