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    Sem família e torturada, com ajuda de uma criança, Jaqueline venceu e virou supermãe

    Sandra Luz, de PortugalBy Sandra Luz, de Portugal14/05/20236 Mins Read
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    Jaqueline traduz a superação a cada dia

    É certo que o premiado e reconhecido Chico Buarque não esteve pessoalmente com Jaqueline de Souza Campos, mas é possível deixar a imaginação fluir e imputar a ela a inspiração para a letra da canção Cordão, quando o cantor repete em doce melodia

    “Ninguém há de me fechar as portas do coração… Ninguém vai me sujeitar… Ninguém vai me ver sofrer… Ninguém vai me acorrentar enquanto eu puder sorrir”.

    Aos que têm o privilégio de estar com Jaqueline e dela ouvir um sorriso fácil, a primeira sensação é de surpresa, a segunda é tristeza e a terceira é admiração. Surpresa em perceber estar diante de alguém alvo de tanta dor, tanto sofrimento. Tristeza ocorre por ter de reconhecer a possibilidade de haver no mundo pessoas tão capazes das próprias maldades. E a admiração é algo imenso, pela superação, pela força, pelo exercício do perdão e do amor inerentes a essa mulher.

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    Como acontece nos melhores roteiros, a apresentação de Jaqueline à vida foi bagunçada já nos primeiros capítulos. “Eu vim de uma família desestruturada. Meu pai ficou doente e minha mãe saiu de casa. Foi assim que as coisas começaram a ficar difíceis. Fui entregue a uma família quando tinha por volta de cinco anos e, com eles, fiquei até cerca de 13 anos. Se me perguntarem se eu gostaria de voltar à infância eu responderia que jamais”.

    Sem os pais por perto, Jaqueline passou por todo tipo de violência já descrita contra uma criança. “Tinha uma das filhas da mulher na casa onde eu precisava tirar o sapato dela sempre que ela chegava do trabalho. Se eu esquecesse, era espancada”. Essa era uma das “desculpas” para os sucessivos espancamentos e humilhações.

    “Era uma família que fazia muita festa, eram pessoas jovens e recebiam muita gente. Eu não tinha o direito de comer, apenas se restasse no prato. Uma vez, uma pessoa me serviu um prato de comida e eu dormi na cozinha. Fui acordada na madrugada, tiraram minha roupa, dobraram um fio em quatro, me amarraram, duas pessoas me seguraram e me bateram. Lembro que fiquei uns dois meses sem conseguir sentar”.

    Os sucessivos espancamentos e humilhações eram conjugados com abuso sexual imposto por um dos integrante da família com quem ela morava. A história de Jaqueline prova que há quem faça do outro um mero objeto de uso. Além de apanhar muito e ser privada do alimento, a menina ainda tinha a cabeça raspada para ser confundida com um menino enquanto percorria hotéis nas proximidades da antiga rodoviária de Campo Grande (MS) para recolher e distribuir roupas lavadas na lavanderia dos algozes.

    Quando a ajuda chega, Jaqueline usa toda a força para vencer

    O resgate demorou, chegou quando Jaqueline tinha 13 anos e só não ocorreu mais cedo pela evidente fragilidade na rede de proteção à criança na época. Das vezes em que foi levada à delegacia após denúncias de vizinhos, foi obrigada a mentir e a tratar mal os policiais para que a versão de ser ela a “terrível” prevalecesse.

    “Falavam que eu subia em árvore, mas nem tinha árvore na casa. Nunca foram ver”. Enquanto isso, a violência persistia de maneiras cada vez mais intensas, lhe tirando pedaços da pele e impondo sequelas permanentes. “Os filhos da mulher com quem eu morava começaram a ter filhos e uma vez um bebê caiu e eu fui obrigada a comer fezes. Fiquei com varizes, tenho cicatrizes na cabeça, nas orelhas”.

    Com tantos episódios desoladores, Jaqueline lembra do dia exato em que as páginas do que ainda era uma história de terror ficaram para trás. “Foi em 11 de dezembro de 1980, em uma quinta-feira, às 14 horas, quando a assistente social me resgatou. Eu pesava 28 quilos e fui para a casa dela, onde as surras pararam totalmente e tinha comida à vontade”.

    Em novo roteiro, a menina ganhou peso e sonhos. Já tinha 17 anos quando aprendeu a ler e a escrever, passando a ser a dona do próprio destino, e tendo como professora uma criança de 9 anos.

    O desejo de aprender, de ter a régua e o compasso da própria vida foi alimentado por uma rede de colaboradores que não parou de crescer. “Muita gente ajudou na superação e as coisas começaram a mudar quando eu entrei no Estado, foi uma guinada. As pessoas ajudaram de todas as formas, me apoiaram e me incentivaram a estudar. Não consigo mencionar o nome de todas, porque não posso ser injusta com cada uma delas, mas são muitas”.

    Daquela que era analfabeta a, agora, funcionária pública, Jaqueline coleciona uma legião de amigos e entusiastas em uma rede de carinho,  respeito e expectativas. “Eu lembro que minha filha um dia chegou e disse que queria entrar no Colégio Militar. Eu estava no Estado e fazia faxina e as minhas clientes ajudavam a pagar o cursinho, que tinha o mesmo valor de um salário mínimo na época”.

    De adolescente analfabeta, Jaqueline ajudou três filhos a concluírem a ensino superior

    Deu certo. A menina entrou no Colégio Militar e os outros dois filhos também conseguiram trilhar um caminho distante do ciclo de violência da mãe. “Fui ajudada e falo que fui uma pessoa abençoada. Não odeio ninguém, não tenho raiva”. Não foi fácil mudar de página, mas o empenho em obter sucesso atingiu todos os sentidos. Jaqueline recorda dos limites para contribuir com a vida acadêmica dos filhos.

    “Eu não sabia ensinar, mas falava que eles tinham que aprender. Dizia que era a herança que poderia deixar e que ninguém poderia tirar deles. Hoje, eu tenho um filho bacharel em Direito, uma farmacêutica e um jornalista. Como mãe, me enxergo como uma vitoriosa. Dei o melhor de mim”.

    Ao olhar para a própria trajetória, Jaqueline reconhece serem a alegria e a vontade de viver as peças do motor que a fazem seguir. Incitada a mandar uma mensagem para as mães, bate na tecla da educação.

    “Digo às mães: lutem pela educação. Educação significa a independência de seus filhos. Se tiver que recomeçar, recomece. Não desista”.

    Para Jaqueline, não desistir também significa passar à frente o desejo de ajudar, de fazer a diferença na vida das pessoas e contribuir para que ultrapassem limites nem sempre próprios. Com uma lei do retorno escrita para si mesma, começou a ajudar pessoas que viviam pelas ruas.

    “Eu sou evangélica e tive um sonho de que deveria ajudar. Começamos o trabalho de rua agora, infelizmente parado por problemas pessoais, mas foi possível ver pessoas voltando a conviver com a família, com a igreja, foi gratificante”.

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