O mercado da cannabis é responsável por cerca de 750 empregos diretos em Portugal, conforme dados do INE (Instituto Nacional de Estatísticas de Portugal). Como forma de fomentar a atividade, uma série de feiras são realizadas todos os anos, entre a primavera e o verão, como a Expo Internacional CannaPortugal 2023, marcada para Lisboa entre os dias 19 e 20 de maio.
O objetivo do evento é acrescentar valor à indústria e contribuir com o crescimento econômico do país, o primeiro na União Europeia a adotar a política de redução de danos para os usuários de entorpecentes em contraponto com o encarceramento de quem lança mão de pequenas quantidades de drogas ilícitas. Se por um lado, a política portuguesa visa a saúde, por outro, os comerciantes miram o lucro, com a oferta de produtos que vão da indústria farmacêutica à do vestuário.
Ao menos cem expositores estarão em Lisboa na edição de 2023, para debater o impacto da indústria da cannabis desde a produção até a manufatura de medicamentos para seres humanos e animais. A cannabis medicinal é a menina dos olhos da pequena agricultura local. De acordo com dados da Apifarma (Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica), 19 licenças para o cultivo da planta foram emitidas em 2019, desde que a prática foi liberada pelo governo. Dois anos depois, a emissão das permissões do plantio quadruplicou.
A entidade aponta que, ao menos 55 países no mundo legalizaram o consumo de produtos à base de canábis para fins medicinais, entre eles o Brasil, líder do mercado na América Latina. Por enquanto, em Portugal, o produto é liberado para o tratamento das seguintes indicações:
- a) Espasticidade associada à esclerose múltipla ou lesões da espinal medula;
- b) Náuseas, vómitos (resultante da quimioterapia, radioterapia e terapia combinada de HIV e medicação para hepatite C);
- c) Estimulação do apetite nos cuidados paliativos de doentes sujeitos a tratamentos oncológicos ou com Aids;
- d) Dor crónica (associada a doenças oncológicas ou ao sistema nervoso, como por exemplo na dor neuropática causada por lesão de um nervo, dor do membro fantasma, nevralgia do trigêmeo ou após herpes zoster);
- e) Síndrome de Gilles de la Tourette;
- f) Epilepsia e tratamento de transtornos convulsivos graves na infância, tais como as síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut;
- g) Glaucoma resistente à terapêutica.