O Governo de Mato Grosso do Sul anunciou, na segunda-feira (8), o programa “MS Saúde” prometendo a realização de 15 mil cirurgias eletivas em diversas especialidades. O projeto espera reduzir a fila de espera que se formou principalmente por causa da pandemia e dá esperança para quem aguarda há anos por cirurgia.
“Nossa, quando eu vi, falei ‘tomara que me chamem. Deus abençoe que me chamem’. Estou torcendo para isso”, relata a diarista Claunice Alves Dauzaker, 58 anos, que aguarda cirurgia no menisco do joelho direito há quase um ano. Ela conta que tentou conseguir a operação através da Justiça, após seis meses de espera, mas acabou desistindo por causa da burocracia.
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“O próprio médico me disse para procurar a Justiça, porque senão vai demorar. Eu fui na Defensoria Pública, só que me deram um monte de papel e falaram que eu tinha que procurar um médico particular, para ver quanto seria a cirurgia. Depois levar os documentos novamente, voltar onde marca a consulta… Era muita burocracia. Aí eu desisti”, lamenta Claunice, moradora de Campo Grande.
Enquanto espera, a diarista tem que conviver com as dificuldades de locomoção causadas pelo problema no joelho direito. “Não consigo nem subir no ônibus, porque dói muito. Também não posso caminhar muito porque dói e eu caio. Eu vou dar um passo, mas a perna não vai e eu caio. Está difícil”, diz Cleo, como é conhecida pelos amigos.
Com a demora para a realização da cirurgia, Cleo teme que a outra perna passe a ter o mesmo problema por estar sobrecarregada. “Tenho um amigo que espera tem uns 15 anos pela cirurgia no joelho e agora está com problema nos dois joelhos. Esse é o meu medo, de não operar e dar complicação no outro joelho, porque eu jogo o peso na outra perna”, explica.
O programa “MS Saúde: Mais Saúde, Menos Fila” pretende dar andamento às 1.375 cirurgias judicializadas, já em fase de cumprimento de sentença, das quais cerca de 90% são ortopédicas.
O governador Eduardo Riedel (PSDB) anunciou investimentos de R$ 45 milhões e outros R$ 7,9 milhões do governo federal. O projeto prevê levar consultas, exames e cirurgias à população dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul e atender a demanda reprimida.
O programa prevê que prefeituras e estabelecimentos de saúde estabeleçam convênios que vão garantir a realização de 15 mil cirurgias eletivas em diversas especialidades, entre elas: oftalmologia, otorrinolaringologia, cirurgia vascular, cirurgia geral e ortopedia.
Também estão previstas a realização de 42,5 mil exames diagnósticos como ressonância magnética com contraste, ressonância magnética (sedação), tomografia computadorizada, endoscopia, densitometria, colonoscopia, holter 24 horas, cintilografia, entre outros.
O secretário estadual de Saúde, Maurício Simões, diz que os municípios devem estar preparados para receber os recursos. “O que garante uma cirurgia segura não é só a infraestrutura, mas também uma equipe técnica treinada para realizar os procedimentos. Ao contratarem os procedimentos cirúrgicos deem valor àquelas pessoas que trabalham nos municípios e regiões para termos uma saúde regionalizada e descentralizada”, afirmou.
O prefeito de Dourados, Alan Guedes (PP), declara contar com o convênio para reduzir a fila entre os moradores da cidade.
“Os municípios enfrentam muitos desafios quando o assunto é saúde. No caso de Dourados, que é um pólo regional, as demandas são ainda maiores. Nesse sentido, quando o governo entra com um programa como o MS Saúde faz toda a diferença para as pessoas que estão esperando procedimentos médicos. Isso agiliza o atendimento e acaba com a fila de espera em muitos casos”, conta Guedes.
A Secretaria Estadual de Saúde publicou nesta terça-feira (9), em edição extra no Diário Oficial do Estado, a resolução com as regras para adesão das prefeituras ao “MS Saúde”. A adesão ao projeto compete às secretarias municipais de saúde, juntamente com os estabelecimentos de saúde contratualizados ou contratados pelo SUS (Sistema Único de Saúde), encaminhando à SES proposta dos procedimentos ofertados e ‘Declaração de Adesão’.
Os documentos enviados devem conter estimativa com a quantidade de procedimentos a serem executados por mês e o quantitativo total a ser realizado no período de maio de 2023 a abril de 2024. O prazo para envio da documentação vai até segunda-feira (15).
O início da execução das cirurgias e exames com finalidade diagnóstica somente poderão ocorrer após a assinatura do ‘Termo Aditivo’ ou contrato com a unidade executante, publicado em Diário Oficial.