Um tesoureiro da Igreja Adventista do Sétimo Dia vai a julgamento no próximo mês de maio pela acusação de ter desviado R$ 467 mil recebidos em dízimos de fiéis. O caso foi parar na polícia e resultou em duas denúncias pelo Ministério Público Estadual uma por furto qualificado e estelionato na vara criminal e outra com pedido de indenização, na cível.
Conforme as denúncias, o então tesoureiro da igreja Emerson de Oliveira Camargo, entre 2017 e 2019, usou sua função de receber dízimos e ofertas dos fiéis para desviar R$ 467.915,35. Ele deveria efetuar os lançamentos dos valores no sistema financeiro, bem como imprimir os recibos emitidos e entregar a cada doador.
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“Contudo, o denunciado começou a não entregar os recibos para os fiéis após realizarem doações e/ou devolverem seu dízimo, fato que foi comunicado ao assistente financeiro da área de remessas de igrejas. Outrossim, foi realizado pesquisas no sistema de referida igreja com intuito de encontrar determinadas doações, porém não foi localizada, tendo em vista que o denunciado não lançou no sistema”, relata o MPE.
Uma reunião na igreja foi realizada para averiguar a situação. Na ocasião, Emerson Oliveira teria confessado o desvio do dinheiro dos dizimistas e das ofertas sem os lançar no sistema e emitindo recibos falsos simulando as doações feitas pelos doadores.
Posteriormente, depois de efetuarem o lançamento de todas as doações e devoluções de dízimo no sistema tomando como base as planilhas enviadas por Emerson dos valores subtraídos e seus respectivos doadores e dizimistas, foi localizado na igreja alguns envelopes de dízimo a serem devolvidos, tendo sido encontrado também diversos recibos falsificados de pessoas que não estavam na planilha enviada pelo tesoureiro.
“Ao realizarem uma nova reunião, Emerson de Oliveira confessou novamente ter desviado mais valores de dizimistas e doadores diferentes dos anteriormente informados na primeira reunião, tendo inclusive enviado nova planilha com os nomes dos dizimistas e doadores, como também os valores desviados”, diz o Ministério Público Estadual.
Emerson virou réu em outubro de 2019, quando a denúncia foi aceita pela 2ª Vara Criminal. No decorrer do processo, a defesa do tesoureiro afirmou que “os fatos não se deram consoante narrado na exordial acusatória” e, no momento oportuno, produzirá as provas necessárias para comprovação de sua inocência.
A oportunidade vai ocorrer no próximo dia 16 de maio, às 15h15, quando serão ouvidas as partes e as testemunhas de defesa e acusação. Na semana passada, a juíza Eucelia Moreira Cassal, em substituição legal, autorizou que a Igreja Adventista do Sétimo Dia atue como assistente de acusação.
Já na 4ª Vara Cível, há o pedido de reparação do dano de R$ 467.915,35, que foi aceito em março de 2022. Uma audiência de conciliação chegou a ser realizada, mas não houve acordo.