Albertino Ribeiro
Semana passada, a UNICEF divulgou um dado alarmante, sobre a cobertura vacinal na América Latina. Segundo a organização, o Brasil passou de melhor país do mundo, para o segundo pior país da América Latina em cobertura vacinal. Só ficamos atrás da Venezuela.
Esse dado vergonhoso é fruto da ofensiva engendrada pela extrema direita americana, que encontrou no Brasil, dos últimos quatro anos, terreno fértil para semear mentiras e falácias irresponsáveis.
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Pois é, contra os fatos não existem argumentos. Políticos e apoiadores do governo anterior atacaram sistematicamente a vacinação contra o coronavírus. Enquanto isso acontecia, o Ministério da Saúde, inerte, não tomou qualquer iniciativa que pudesse motivar a população a se vacinar.
Pelo contrário, as mentiras ganharam enormes proporções e acabaram respingando até nas vacinas já consagradas e comprovadamente eficazes contra o sarampo e a paralisia infantil, por exemplo.
Como os antivacinas pensam?
Em 2020, a Netflix lançou o documentário Pandemia. A produção – que ainda está no catálogo do streaming -, mostra o trabalho dos profissionais da saúde e da Vigilância Sanitária no combate e prevenção de doenças contagiosas; também destaca a visão dos extremistas antivacinas.
Sobre os extremistas, um episódio em especial chamou minha atenção. O repórter entrevistou uma família americana cujos filhos pequenos não tinham cobertura vacinal. A mãe das crianças – além de ressaltar a liberdade individual como o bem maior do ser humano – justificou-se, dizendo que nosso sistema imunológico foi criado por Deus e poderia enfrentar naturalmente qualquer doença. Sendo assim, não há necessidade de inocularmos nada estranho para torná-lo eficiente.
Como pensam os Liberais fanáticos?
Veja como o referido argumento se assemelha a crença de que o mercado é infalível. Segundo os defensores radicais do liberalismo econômico, a economia – se deixada livre e entregue as forças de mercado -, ela se autorregula, pois existe uma mão invisível, que organiza o sistema de maneira eficiente. Dito de outro modo, se o Estado intervier na atividade econômica produzirá desequilíbrios deletérios em todo o sistema econômico.
Pois é, durante os últimos quatro anos, o Brasil foi vítima desse fenômeno, que uniu dois pensamentos radicais e fantasiosos.
Para nossa tristeza, além dos 600 mil mortos pela COVID, criou-se uma “sinergia negativa” que deixou – segundo a UNICEF – 1,6 milhões de crianças sem vacinação, tornando-as vulneráveis a doenças que já estavam, inclusive, erradicadas.