A demissão do general Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional, causou reviravolta e uniu deputados federais lulistas e bolsonaristas na defesa da instalação da CPMI para investigar os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro deste ano. Antes, apenas os seguidores de Jair Bolsonaro (PL) defendiam a investigação.
No entanto, o grupo está dividido sobre o alvo da CPMI, que deverá ser criada na próxima semana pelo presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD), de Minas Gerais.
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Os deputados Dr. Luiz Ovando (PP), Marcos Pollon (PL) e a senadora Tereza Cristina (PP) acreditam que o alvo da investigação deve ser integrantes do Governo Lula, por não terem impedido a invasão e a depredação dos prédios públicos.
Principal cacique governista no Estado e coordenador da bancada federal, o deputado federal Vander Loubet (PT) já tem outro ponto de vista e tem certeza de que a comissão vai pegar os bolsonaristas responsáveis pelo vandalismo.
“Uma imagem vale mais que mil palavras! Vídeo mostra claramente ministro de Lula, do GSI, durante invasões no Palácio do Planalto. Outros membros do governo cumprimentam e ajudam manifestantes. A instalação imediata da CPMI é essencial para apuração dos fatos! #CPMI8deJaneiro”, afirmou Dr. Luiz Ovando, no Twitter.
“Começam a ser desvendados cenas e fatos ocultos do 8 de Janeiro. Suficientes para derrubar um ministro militar, da cota pessoal de Lula. É urgente a instalação da #CPMI. Vamos investigar tudo”, propôs Tereza, que foi ministra de Bolsonaro e segue como uma das principais lideranças do bolsonarismo no Senado.
“A cada dia que passa percebemos que 08/01 está mais para Reichstag do que para Capitólio!”, revidou Pollon, apostando em reviravolta nos ataques de 8 de janeiro. “Agora que deixou o ministério será preso?”, questionou o representante da bancada da bala.
Antes da demissão do ministro, o requerimento para criação da CPMI tinha o aval de Dr. Luiz Ovando, Pollon, Rodolfo Nogueira (PL), Tereza e do senador Nelsinho Trad (PSD). Uma investigação mista ganhou preferência na estratégia da oposição e do Governo, mantendo sepultada a CPI com o mesmo objetivo proposta pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil).
Nesta quinta-feira (20), Vander aderiu à proposta para se criar uma CPI, seguindo a linha do líder do Governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues. Para o petista, o foco do Congresso deveria ser a análise das pautas e projetos, mas se a comissão parlamentar for inevitável, o PT vai fazer parte do grupo.
“Então, nosso entendimento, da bancada do @PTnaCamara, é que seria mais produtivo o Congresso Nacional continuar a se dedicar às pautas e projetos que a gente precisa aprovar para retomar o crescimento do país”, declarou Vander em suas redes sociais. “Agora, se houver a instalação da CPMI, o @ptbrasil vai indicar os nomes e vai participar. Da nossa parte não tem nenhum receio de investigar a tentativa de golpe do dia 8 de janeiro”.
“Até porque já está comprovado que as invasões e depredações do Congresso Nacional, do STF e do Palácio do Planalto foram organizadas e executadas por grupos bolsonaristas. E tenho certeza que o resultado final da CPMI vai reforçar essa comprovação”, concluiu o líder da bancada federal de MS.