Quem não tem aquela farmacinha em casa? Muitas vezes o medicamento sobra após uma prescrição e há, ainda, a automedicação. Também existe o hábito de deixar remédios sempre à mão como forma de comodidade. Essa prática, contudo, pode representar múltiplos problemas de saúde.
De acordo com o médico do trabalho Ronaldo de Souza Costa, os medicamentos precisam ser utilizados apenas com prescrição médica. “Como são substâncias químicas, sofrem deterioração. Cada medicamento tem um período de validade determinada. Após esse período, as substâncias perdem as propriedades e os efeitos benéficos para tratar as doenças. Fora da validade, as substâncias passam a ser um risco à saúde”.
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Ronaldo lembra que há pessoas que acreditam poder necessitar dos medicamentos e, por isso, os acumulam. “Acumulam medicamentos em casa para os casos de eventuais doenças, e juntam remédios diversos, sem nenhum tipo de indicação médica, que envelhecem, perdem as propriedades, e passam a constituir problema de saúde pública”.
Farmácia caseira prejudica a saúde da família e o meio ambiente
O médico pontua que as substâncias medicamentosas necessitam de descarte adequado que, se não for feito da maneira adequada, prejudica o meio ambiente. “Medicamentos precisam ser descartados com segurança, em unidades de farmácia e unidades de saúde públicas. Na prática isso não ocorre, e os medicamentos vencidos, quando, por uma vez não são consumidos vencidos pelos pacientes constituindo risco para a saúde, são, por vezes descartados no lixo doméstico comum, indo parar nos aterros sanitários, liberando substâncias indevidas no solo, que drenam para os córregos, rios, lençóis freáticos, causando poluição ambiental da maior gravidade”.
Dentro de casa, armazenar medicamentos fora do período definido pelo médico para a administração aumenta, ainda, o risco de intoxicação, de envenenamento, de redução da eficácia das substâncias e, até, de morte. As consequências estão ligadas à possibilidade de acesso por crianças.
Conforme a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), os medicamentos estão no topo da lista das intoxicações de crianças, fazendo até 20 vítimas ao dia. Já a Sociedade Brasileira de Pediatria contabiliza cerca de 13 mil casos de intoxicação medicamentosa por crianças ou adolescentes por ano no Brasil. O maior risco está na faixa de 1 a 4 anos.
Caso um medicamento esteja na data de validade, mas o período de administração passou, o aconselhável é levar até uma instituição para doação.
Já para os casos de acidentes, é possível buscar auxílio por meio do número 0800-722-6001, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A ligação é gratuita.