O apoio ao Governo Lula acirrou ainda mais o racha no União Brasil em Mato Grosso do Sul. Além da divisão com a senadora Soraya Thronicke, a ex-deputada federal Rose Modesto enfrenta oposição do grupo que é contra a adesão à administração petista. A ex-tucana está de olho no cargo de superintendente da Sudeco (Superintendência Regional do Centro-Oeste).
A favor da oposição a Lula estão o advogado Rhiad Abdulahad, que foi o candidato a presidente regional na eleição suspensa pela Justiça, e o deputado estadual Roberto Hashioka, o único representante na Assembleia Legislativa.
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Já Rose contaria com o apoio dos políticos sem cargo, mas com expressão nacional, como o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que já foi crítico ferrenho dos petistas em verões passados.
A ex-deputada federal e a senadora se aliaram em março do ano passado, quando Rose trocou o PSDB para disputar o Governo do Estado pelo União Brasil. Durante uma eleição conturbada, em que Soraya disputou a presidência da República, o grupo da ex-tucana se queixou da falta de repasse para os candidatos na proporcional. Houve até ameaça de debandada ainda no primeiro turno.
Rose obteve 178 mil votos e ficou em 4º lugar na disputa. Ela anunciou apoio ao candidato de oposição, Capitão Contar. Logo após o primeiro turno, a então deputada federal criticou a conduta da direção do partido e deu entrevistas anunciando que estava de malas prontas para deixar o União Brasil.
Só que ela acabou não se desfiliando e agora briga pelo comando do partido com Soraya. Apesar de não ter mandato nem voto no Congresso Nacional, Rose teria ganho o apoio de lideranças nacionais do União Brasil para ser indicado para a Sudeco na cota do partido.
Rhiad e Hashioka são contra aderir ao Governo Lula e querem continuar na oposição ao PT, uma das principais bandeiras do grupo, desde a época do PSL. Soraya tem adotado a linha de independente no Congresso Nacional.
Além do apoio ao PT, o grupo está rachado até em relação ao Governo do Estado. Rose quer manter o papel de oposição a Riedel, enquanto parte do União Brasil é a favor de apoiar a gestão de Eduardo Riedel (PSDB).
Até a semana passada, a briga pelo comando do União Brasil na Justiça estava a cargo do tesoureiro-adjunto da sigla, Anderson Pereira do Carmo. O juiz Flávio Saad Peron, da 15ª Vara Cível, determinou a suspensão das inativações feitas no mês de março.
A decisão não beneficiou Rose Modesto, que foi excluída do cargo de vice-presidente por Soraya no dia 24 de janeiro deste ano com data retroativa ao dia 31 de dezembro de 2022. A situação obrigou a deputada a ingressar com ação na Justiça para pedir a suspensão da sua inativação para voltar a executiva como vice-presidente.
Soraya justificou a exclusão porque a ex-deputada deu entrevista anunciando a saída do União Brasil em outubro do ano passado. Para a senadora, as declarações agressivas bastavam para considerar a desafeta fora do partido.
Agora, a decisão sobre a volta de Rose caberá ao juiz Flávio Saad Peron. Ela vai montar chapa para enfrentar o grupo de Soraya. Para os aliados da senadora, a ex-deputada está usando o partido em busca de um projeto pessoal, no caso, o cargo na Sudeco.