Albertino Ribeiro
Pesquisas em vários países têm comprovado que a pobreza possui uma espécie de armadilha; um mecanismo de retroalimentacao, que tende a perpetua-la na vida dos mais pobres, caso estes não sejam ajudados a supera-la.
Normalmente, famílias muito pobres vivem em lugares que não possuem saneamento básico e também sofrem com a insegurança alimentar; estes são dois fatores que as tornam vulneráveis a todo tipo de enfermidades.
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A fome e a miséria transformam a preocupação com o futuro em artigo de luxo, pois a urgência de suas necessidades só lhe permite pensar no aqui e agora, tornando-as imediatistas. A maior preocupação é saber se conseguirão fazer a próxima refeição.
Em um contexto como esse, os filhos – muitas vezes não desejados – transformam-se, desde cedo, em mão-de-obra para ajudar os pais a conseguirem algum dinheiro para levar para casa e ajudar no sustento. Com isso, muitas crianças pobres ficam sem estudar, sabotando seu futuro e a possibilidade de uma mobilidade social.
Pesquisas tem mostrado também que o estresse faz parte da vida de muitas pessoas em situação de pobreza. Chefes de famílias foram submetidos a exames de sangue com objetivo de medir os níveis de cortisol (hormônio do estresse). Não foi nenhuma surpresa a constatação de níveis muito altos, que, além de causarem doenças, também comprometem a capacidade de concentração e de tomada de decisão.
Destarte, fica claro que a pobreza causa estresse, e este, por sua vez, contribui para que ela se perpetue na vida dos mais pobres.
Programas como o Bolsa família são fundamentais para mitigar os efeitos da pobreza e proporcionar condições para que as pessoas superem, pelo menos parcialmente, a insegurança alimentar, que é, certamente, o maior motivo de tensão.
A obrigatoriedade de estar em dia com a carteira de vacinação e a frequência escolar contribui para que ocorra maior cuidado com a saúde e a educação das crianças.
Obviamente, o Bolsa Família não é perfeito, mas ainda pode ser aperfeiçoado com programas de qualificação para o mercado de trabalho, por exemplo. Contudo, é premente para dar um mínimo de condições para que as pessoas possam, não apenas pensar no futuro, mas também sonhar.