Sem repetir em Mato Grosso do Sul a expressão política nacional, mesmo com o partido pequeno e rachado, a executiva do PSOL decidiu detonar as principais estrelas da sigla, o prefeito de Ribas do Rio Pardo, João Alfredo, e o ex-candidato a governador, Adonis Marcos de Souza.
A sigla repete um processo de autodestruição há vários anos no Estado. A última crise foi a nomeação de Adonis para um cargo em comissão na gestão de Eduardo Riedel (PSDB). A executiva da sigla ficou sabendo pela imprensa que o candidato a governador socialista, que ficou em 7º lugar na disputa do ano passado, ganhou um cargo com salário de R$ 8 mil na Secretaria de Educação. Veja nota
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“Consideramos lamentável a postura de filiados que se juntam ao PSOL, disputam cargos e, após isso, se rendem às alianças com partidos que têm programas completamente diferentes do nosso”, lamenta a nota, assinada pela executiva, presidida por Margila Leal.
Adonis passou por vários partidos e foi assessor do deputado federal Dagoberto Nogueira (PSDB) antes de se filiar ao PSOL e ser escolhido como candidato a governado pela federação PSOL-Rede.
“A direção do PSOL MS desconhecia qualquer movimentação neste sentido e o partido não participou de nenhuma negociação. Ao ser procurado hoje (sexta), pela presidência do PSOL, Adonis informou que em breve encaminhará a renúncia dos cargos que ocupa nos órgãos de direção partidária”, informou a nota.
“Cabe ressaltar que o PSOL tem uma política de alianças definida pelo seu Diretório Nacional e que não condiz com a composição ou apoio a governos como os do PSDB ou de qualquer outro partido de direita ou centro. O PSOL, inclusive, decidiu por não compor o governo Lula (PT) para manter sua autonomia política”, lamentou.
O partido não poupa nem o seu único prefeito no Estado. João Alfredo foi candidato a governador nas eleições de 2018. Ele ainda tem ganhado destaque graças ao fábrica de celulose da Suzano, que trará investimento de R$ 19 bilhões em Ribas do Rio Pardo. Veja a nota
“Acreditamos que a Direção Nacional do PSOL não pode mais fazer vista grossa com essa situação e precisa debater em suas instâncias a postura do Prefeito João Alfredo e também de seus aliados e operadores políticos”, conclama, sinalizando que defende a expulsão do prefeito do partido.
A executiva condenou o despejo de famílias sem-teto pela 5ª vez, ocorrida no início deste mês. A prefeitura destruiu os barracos e deu ultimato para os sem-teto acampados às margens da linha férrea.
“Externamos publicamente nosso repúdio às ações da Prefeitura de Ribas do Rio Pardo e nos solidarizamos com as famílias sem teto que são vítimas da profunda desigualdade social e crise econômica. Essa desigualdade, em Ribas do Rio Pardo, é acentuada pelos impactos da instalação da ‘maior fábrica de celulose do mundo’, da Suzano, projeto encampado pela própria administração municipal e que também deve ser alvo de investigação e debate pelo PSOL, um partido que tem defendido a agenda ambientalista, de transição enérgica, enfrentamento à crise climática e construção de uma alternativa ecossocialista”, pontua a nota.
“Esta nota é um posicionamento público para reafirmar que no PSOL há uma maioria de militantes que não compactua com as ações da Prefeitura de Ribas do Rio Pardo e que apoia a luta pelo direito à moradia digna e o combate à desigualdade social, assim como faz o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), que é um aliado do PSOL na luta por cidades mais justas”, defende.
No PSOL, as brigas ocorrem com frequência. No ano passado, no final da campanha eleitoral, o partido chegou a discutir a possibilidade de retirar a candidatura de Adonis por não concordar com algumas ações do candidato. Ou seja, ele sofreu desgaste ao ser hostilizado pelo próprio partido.