Com três nacionalidades – argentina, boliviana e paraguaia – o narcotraficante Jorge Adalid Granier Ruiz, 43 anos, apontado com o chefe de uma das maiores organizações criminosas de tráfico de drogas na Argentina, vai a julgamento por uso de documento falso em Campo Grande. O juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal, marcou a audiência de instrução e julgamento para o dia 16 de maio, a partir das 14h20.
Devido à alta periculosidade do criminoso, que estava na difusão vermelha da Interpol, ele vai participar do julgamento por videoconferência de dentro do Presídio Estadual Masculino da Gameleira, na Capital. O narcotraficante foi preso em flagrante no posto da Polícia Rodoviária Federal na BR-163, em Jaraguari.
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Na ocasião, conforme a PRF, ele era passageiro da Toyota Hilux CD, conduzida por Valdeson Pereira, que tinha um mandado de prisão em aberto em Rondonópolis (MT). Na ocasião, o boliviano apresentou documento falso e contou que planejava abrir uma empresa em Campo Grande.
“Os policiais relataram que, preliminarmente, JORGE ADALID sustentou que se chamava Jorge Mendez Ardaya e estava se deslocando para Campo Grande com sua namorada, sob o argumento de que tinha a pretensão de abrir empresa nesta capital. Entretanto, após a constatação de inconsistências na documentação e checagem aos sistemas disponíveis, verificou-se que o custodiado se chama JORGE ADALID GRANIER RUIZ, o que foi ratificado por ele”, pontuou o juiz, no despacho em que recebeu a denúncia por uso de documento falso no dia 29 de março deste ano.
“JORGE esclareceu aos policiais que tinha ciência da existência de mandado de prisão em aberto na Argentina, por tráfico de drogas, motivo pelo qual providenciou documentos falsos com nova identidade até que conseguisse solucionar a questão naquele país. Neste contexto, JORGE declarou aos policias que esteve em Belém/PA, onde adquiriu uma carteira de identidade falsa em nome de Jorge Mendez Ardaya, pela qual pagou US$ 5.000,00”, relatou. O valor equivale a R$ 25 mil.
Na mesma ocasião, o juiz determinou a quebra do sigilo dos dados telefônicos e telemáticos dos seis telefones. “Ante o exposto, DEFIRO a representação policial para ter acesso integral ao conteúdo total nos aparelhos celulares apreendidos em poder de JORGE ADALID GRANIER RUIZ (4), da namorada (…) (1) e do motorista VALDESON PEREIRA DOS SANTOS (1), de modo que se proceda a extração e a análise dos dados extraídos”, determinou Teixeira.
O narcotraficante tentou anular a denúncia e pediu o relaxamento da prisão. “A defesa alega a ausência de justa causa e a inépcia da denúncia por ausência de laudo pericial. Pois bem, da simples leitura da documentação, a autoridade policial (Delegada de Polícia que preside a investigação) requisitou a realização da perícia tão logo instaurou o inquérito (ID Num. 281453799 – Pág. 44), mas não há notícias, ainda, de que o exame tenha sido realizado. Não há, evidentemente, como dar vista à defesa de algo que não foi – presumivelmente – ainda produzido”, rebateu o juiz.
“Dito exame pode esclarecer como se deu o modus da reputada fraude, que é em tese o cerne da imputação, mas isso não vem a prejudicar a compreensibilidade da denúncia. Ao contrário, o Laudo de Perícia Papiloscópica n. 081/2023 – NID/DREX/SR/PF/MS (Num. 280368314 – Pág. 50/56) confirmou que o indivíduo preso em flagrante seria a mesma pessoa procurada pela INTERPOL sob o nome (real) de Jorge Adalid Granier Ruiz, embora os documentos apresentados quando da abordagem policial (v. ID Num. 280368314 – Pág. 9/13) tenham o nome de outra pessoa (no caso, Jorge Mendez Ardaya), o que é quanto basta para dar suporte à versão externada na denúncia, ao lado de todos os outros elementos que a acompanham”, concluiu.
Ruiz é acusado de ser o elo com o PCC (Primeiro Comando da Capital) na América do Sul. Preso pelo transporte de 389 quilos de cocaína em 13 sacos de estopa, ele é acusado de cobrar R$ 300 mil pelo transporte em avião de 400 quilos de cocaína. Conhecido pelos apelidos de “Fantasma”, Nono” e “Chuleta”, ele é apontado com um dos maiores narcotraficantes da Argentina.