O prefeito de Amambai, Edinaldo Luiz de Melo Bandeira, o Dr Bandeira (PSDB), anunciou na tarde de quarta-feira (12) a suspensão das aulas da rede municipal de ensino nesta quinta e sexta-feira, 13 e 14 de abril. O objetivo é aproveitar esses dias para montar um plano de enfrentamento à violência nas escolas, mesmo sem ter registrado casos na cidade, que tem pouco mais de 40 mil habitantes.
Bandeira diz que resolveu tomar essa medida após ser informado pelo prefeito de Ponta Porã, Eduardo Campos (PSDB), que um aluno de 14 anos foi flagrado com uma faca dentro da mochila em uma escola estadual daquele município.
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“Conversei agora à pouco por telefone com o prefeito Eduardo Campos, da cidade de Ponta Porã, onde perguntei se houve algum indício de violência em alguma escola. Ele me disse que houve ocorrência em uma escola da rede estadual que foi encontrado dentro da mochila de um aluno uma faca, arma branca. Porém, não houve consumação de violência de fato”, relatou Bandeira em suas redes sociais.
O prefeito de Amambai diz que se reuniu com integrantes do Paço Municipal para tratar do plano de enfrentamento a violência nas escolas, tendo em vista os casos ocorridos no País. O chefe do Executivo, as Secretarias de Educação e de Gestão decidiram suspender as aulas presenciais por dois dias.
“Sabemos dos transtornos que isso acarreta aos familiares, principalmente dos que trabalham, mas a segurança das nossas crianças é a nossa prioridade e nós vamos lutar por isso incansavelmente”, justificou Dr Bandeira.
Em Ponta Porã, entretanto, as aulas vão ocorrer normalmente. “Para proteger as nossas crianças e tranquilizar os pais, criamos a Guarda Escolar, com agentes de segurança e monitores escolares. Estamos deslocando quatro viaturas para a segurança nas escolas e vamos adotar várias outras medidas”, garante o prefeito Eduardo Campos.
A suspensão das aulas também vai na contramão do que prega o Governo do Estado, que anunciou ontem um pacote de medidas para assegurar a proteção dos estudantes e profissionais de educação nas escolas. O governador Eduardo Riedel (PSDB) anunciou que haverá reforço da ronda policial, com viaturas e até helicópteros, ampliação do monitoramento com novas câmeras e “botão do pânico” nas unidades para casos de emergência.
Riedel aproveitou a ocasião para rechaçar a ideia de suspensão das aulas na rede estadual de ensino e que não ficará refém de informações falsas, boatos e fake news. “Não estamos desmerecendo ou ignorando, mas sim monitorar e poder pensar sobre esse assunto. As escolas vão funcionar e vamos fazer esse momento de pensar e refletir”, declarou o governador em coletiva de imprensa.
O secretário estadual de Educação, Hélio Daher, afirma que a pasta monitora as mensagens com ameaças de ataques e chacinas em escolas espalhadas nas redes sociais. Ele diz que a constatação é de que são as mesmas utilizadas em outras partes do País, apenas mudando os nomes das escolas, para gerar medo e pânico, mas que a rotina da escolas estaduais não será alterada por isso.
Pânico entre pais e responsáveis
Nos últimos dias, boatos com ameaças e promessas de massacres em escolas assustaram moradores de diversas cidades do Estado. Em Campo Grande, dezenas de denúncias com planos de ataques foram registradas pela polícia. Pais com alunos na rede particular receberam comunicados sobre reforço na segurança, e alguns até desistiram de mandar os filhos assistirem as aulas.
Quatro adolescentes foram parar na Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude) por envolvimento com esses anúncios de “chacinas” em salas de aula, segundo o site Campo Grande News. A histeria fez com que policiais militares passassem a revistar alunos em algumas unidades de ensino.
No interior, houve anúncio de atentados em Três Lagoas, Aquidauana, Rio Verde de Mato Grosso, Coxim, Laguna Carapã e Paranhos. Nesta última, a prefeitura teve de divulgar nota oficial para desmentir supostos ataques em escolas da rede municipal que circulavam em grupos de Whatsapp.
Em Ribas do Rio Pardo, um adolescente de 15 anos foi apreendido por fazer ameaças nas redes sociais contra alunos de escolas municipais da cidade. Tudo isso ocorre tendo na lembraça, o recente assassinato de quatro crianças em uma creche de Blumenau (SC) e de uma professora em São Paulo.