Mato Grosso do Sul, assim como o resto do País, vive um momento de pânico entre pais e responsáveis de estudantes causado por ameaça de atentados espalhados pelas redes sociais. Para tentar acalmar os ânimos, o governador Eduardo Riedel (PSDB) anunciou nesta terça-feira (12) um pacote de medidas para aumentar a sensação de segurança nas escolas.
Nos últimos dias, boatos com ameaças e promessas de massacres em escolas assustaram moradores de diversas cidades do Estado. Em Campo Grande, dezenas de denúncias com planos de ataques foram registradas pela polícia. Pais com alunos na rede particular receberam comunicados sobre reforço na segurança, e alguns até desistiram de mandar os filhos assistirem as aulas.
Quatro adolescentes foram parar na Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude) por envolvimento com esses anúncios de “chacinas” em salas de aula, segundo o site Campo Grande News. A histeria fez com que policiais militares passassem a revistar alunos em algumas unidades de ensino.
No interior, houve anúncio de atentados em Três Lagoas, Aquidauana, Rio Verde de Mato Grosso, Coxim, Laguna Carapã e Paranhos. Nesta última, a prefeitura teve de divulgar nota oficial para desmentir supostos ataques em escolas da rede municipal que circulavam em grupos de Whatsapp.
Em Ribas do Rio Pardo, um adolescente de 15 anos foi apreendido por fazer ameaças nas redes sociais contra alunos de escolas municipais da cidade. Tudo isso ocorre tendo na lembraça, o recente assassinato de quatro crianças em uma creche de Blumenau (SC) e de uma professora em São Paulo.
Diante disso, especialistas em comunicação e violência que estudam os ataques que ocorreram no Brasil e em outros países, sendo os mais notórios nos EUA, recomendam não detalhar as supostas ameaças e nem expor as escolas que tiveram problemas para não contribuir com o chamado “efeito contágio”.
“Botão do pânico”, vigilância 24h e até rondas de helicóptero
Para tranquilizar pais e responsáveis, o governador Eduardo Riedel e autoridades da segurança pública anunciaram hoje medidas como reforço na ronda policial, com viaturas e até helicópteros, ampliação do monitoramento com câmeras de vídeo e botão de pânico nas escolas.
Riedel destacou que já existe um plano de segurança nas escolas em andamento, com programas e projetos em execução, que agora recebem ampliações e novas ações emergenciais em função dos casos de violência no País.
“O momento é de levar tranquilidade para as escolas, mas com atenção total, estando preparados para lidar com qualquer situação. Aqui apresentamos ações novas, reforçamos programas que já estão em andamento, com monitoramento total das escolas, tempo de resposta rápida e serviço de inteligência nas investigações”, afirmou o governador.
Riedel citou novidades como o “botão do pânico” nas escolas estaduais, assim como a capacitação dos profissionais de educação. A ronda policial será reforçada nas escolas estaduais pela Polícia Militar, com definição de regiões estratégicas, tendo a presença de monitoramento aéreo com helicópteros da corporação. Além das viaturas já fornecidas para este serviço, todas as outras poderão contribuir e auxiliar nesta vigilância.
“Nós estamos com nossos policiais militares capacitados e indo nas escolas mesmo não sendo acionados pelos diretores, com abordagens técnicas, orientando a todos. Não se assustem com o sobrevoo dos nossos helicópteros, que farão parte desta ação preventiva”, disse a coronel Neidy Centurião, subcomandante-geral da Polícia Militar.
Esta ação está dentro do programa “Escola Segura, Família Forte”, que será ampliado pelo Governo do Estado.
Monitoramento
Desde 2022 começou a funcionar o Centro de Monitoramento das escolas da Rede Estadual, por meio de câmeras e equipes que ficam em vigilância 24 horas por dia, em tempo real. Até o final de abril já estarão instaladas em 298 das 348 escolas estaduais de Mato Grosso do Sul.
O Centro localizado em Campo Grande conta com 10 salas e 240 funcionários. O monitoramento das escolas é feito em quatro turnos. Em caso de incidentes, o tempo de resposta é de 5 a 10 minutos, com equipes de motos e veículos. Cada escola que dispõe do sistema tem de 2 a 8 câmeras, de acordo com o tamanho da unidade.
Haverá a inclusão de novas câmeras de vídeo, que serão posicionadas na entrada das unidades, voltadas para o controle da circulação das pessoas na porta da escola. Também serão disponibilizados “botão de pânico”, para acionar as equipes em casos de emergência nas dependências.
Em Mato Grosso do Sul a execução do projeto é feito por intermédio do COSI (Centro de Operações de Segurança Integrado). “Temos o videomonitoramento, com uma equipe de intervenção rápida, com uma ampliação da cobertura. É importante salientar que essas situações estão sendo muito bem observadas e encaminhadas num trabalho articulado”, disse o secretário de Educação, Hélio Daher.
Núcleo de Inteligência
A Polícia Civil apresentou um plano de ações para evitar casos de violência nas escolas públicas e privadas, utilizando inclusive de ferramentas cibernéticas para identificar eventuais ameaças e incitação ao crime. Também serão feitas investigações para desarticular planos de atentados, com ações de campo e na área virtual.
Foi lançado inclusive o Núcleo de Inteligência e Segurança Escolar (NISE), que será um espaço dentro da Central de Monitoramento das Escolas, que vai dispor de profissionais da Polícia Civil, que vão acompanhar ações ocorridas nas unidades.
“Toda a ação e fato tem sido firmemente apurados. A Polícia Civil tem trabalhado em dois focos: primeiro num eventual e possível ataque numa escola. O segundo foco na possibilidade de causar pânico, alarde, principalmente, em redes sociais. Já temos um plano reservado que diz respeito à atuação investigativa. A nossa orientação é que as escolas notifiquem à polícia todo e qualquer situação de divulgação ou mesmo ameaça. Não apaguem as provas”, afirmou Rozeman de Paula, delegada-geral adjunta da Polícia Civil.
Orientação
Outro foco importante na área de segurança é o Núcleo de Pesquisa e Prevenção de Acidentes nas Escolas (NUPPAE), que vai atuar na área de orientação e treinamentos nas unidades escolares, para que professores e alunos possam saber como agir em caso de incêndios ou quando a escola precisar ser evacuada.
Este trabalho será feito em parceria com o Corpo de Bombeiros, que vai promover as orientações e treinamentos. Ainda serão destacas “ações de resposta” em situações que envolvam a entrada de pessoas estranhas no ambiente escolar, que possam gerar riscos aos alunos e profissionais.
A SED também disponibiliza cartilhas para estabelecer protocolos e orientações para elaboração de ações pedagógicas para combater as diferentes formas de violência na escola, assim como situações que envolvam ameaças.
Responsabilidade dos pais
Durante o evento as autoridades destacaram a importância da família na orientação e diálogo com seus filhos. “Nenhum instrumento, nenhuma ação vai substituir a participação da família, dentro de casa. Que elas estejam atentas neste momento, conversando e dialogando. Isto sem dúvida vai minimizar eventuais problemas”, ponderou o governador.
Rozeman de Paula também destacou a importância deste contato. “Peço as famílias cuidem de seus adolescentes. Busquem saber o que estão consumindo na Internet. Procurem e observem, olhem suas mochilas. Nós temos conhecimento de crianças estão levando armamento para escolas para se proteger. Muito cuidado também para não transmitir fake news”.
A Subcomandante Neidy Centurião ainda recomendou que os pais observem os celulares dos filhos, sendo mais uma medida preventiva, que vai contribuir com as forças de segurança na proteção dos estudantes nas escolas.