Após silenciar nos últimos anos, o deputado federal Dr. Luiz Ovando (PP) agora diz que é “difícil” informar a população sobre os preços dos medicamentos serem reajustados em até 5% em todo o país. O sofrimento deve ter sido tão grande quando os remédios aumentaram 17% durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), que o parlamentar evitava até comentar.
Em 2021, os medicamentos subiram 6,17%; enquanto no ano passado ficaram 10,89% mais caros. O limite do reajuste é estabelecido pelo governo federal e pode ser repassado pelas farmácias de uma vez ou ao longo do ano. Em 2023, o reajuste será de 5% a partir de 1º de abril.
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O reajuste é calculado por meio de uma fórmula que leva em conta a variação da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ganhos de produtividade das fabricantes de medicamentos e variação dos custos dos insumos e características de mercado. Este ano a indústria estima que a alta seja ditada pela inflação do período, que foi de 5,6%
Dr. Ovando aproveitou esta ocasião para criticar a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “É importante lembrar que o atual governo tem responsabilidade direta no que está acontecendo no país e precisa urgentemente tomar decisões assertivas para que economia do país volte a trilhar no caminho certo”, disse o deputado bolsonarista, nesta quarta-feira (29).
O parlamentar lembra que o aumento vai pesar no bolso e na saúde do consumidor. No entanto, não fazia questão de fazer o mesmo quando em 2022, por exemplo, Jair Bolsonaro autorizou o maior reajuste de remédios da última década, de 10,9%. Naquela época, Luiz Ovando optou pelo silêncio, dando a impressão de que a indignação é seletiva e depende de quem está no poder.
Questionado sobre a falta de críticas aos aumentos no passado recente, o deputado preferiu criticar a indústria farmacêutica e a inflação.
“O aumento da inflação tem um grande impacto na vida das pessoas e requer medidas que garantam a estabilidade econômica e o bem-estar da população. Infelizmente, vale salientar o monopólio de grandes empresas farmacêuticas que, não tendo concorrência, o detentor do produto coloca o preço que quer, daí a importância das agências de regulação e fiscalização”, respondeu Ovando, por meio de sua assessoria.
O reajuste nos remédios é feito anualmente, a partir de 31 de março, pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed).
De acordo com a lei, segundo o Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos), a recomposição anual de preços definida pelo governo poderá ser aplicada a cerca de 13 mil apresentações de medicamentos disponíveis no mercado varejista brasileiro.