O juiz Márcio Alexandre Wust, da 6ª Vara Criminal de Campo Grande, negou a disponibilização integral da gravação da audiência envolvendo o rumoroso caso dos advogados supostamente ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Em guerra com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate Crime Organizado), que pede a sua suspeição em três ações da Operação Courrier, que levou a prisão de seis advogados e ao cumprimento de 27 mandados de busca e apreensão.
Em despacho publicado nesta quarta-feira (22) no Diário Oficial da Justiça, o magistrado destacou que a mídia envolvendo o advogado Marco Antônio Arantes de Paiva, que foi o interlocutor na polêmica conversa, está disponível em cartório para os advogados e promotores.
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A polêmica começou após promotores do Gaeco flagraram o juiz conversando com Paiva sobre a prisão do advogado Bruno Ghizzi. No diálogo, o magistrado diz que não vê motivos para manter o advogado preso, mas que não o solta porque o Tribunal de Justiça reverte suas decisões. Ele criticou a corte e o Gaeco pela ofensiva contra os advogados.
O Gaeco pediu a suspeição de Wust e o envio de três ações penais para o juiz substituto. O principal motivo foi de que o titular da 6ª Vara Criminal admitiu, na conversa interceptada “acidentalmente”, de que deixava “brechas” nas decisões para que os réus revertessem as decisões no Superior Tribunal de Justiça.
O MPE pediu acesso à gravação da audiência sem cortes, mas o pedido foi negado. “Ante o exposto, hei por bem em: (a) não-conhecer o pedido de ‘disponibilização da gravação integral (sem cortes) da audiência do dia 22/02/2023 (pp. 3136/3137)’, formulado pelo Ministério Público (fls. 3155/3156)”, decidiu Wust.
“Declarar, que mídia depositada em Cartório (fls. 3157) corresponde a mídia a que se refere a decisão de fls. 2383/2384 ponto 17/ e fls. 2394 ponto 26, 27 e 28’, ao acusado Marco Antonio Arantes de Paiva”, ponderou.
Ele também suspendeu a condução coercitiva da advogada Luciana Abou Ghattas, que estava prevista para a audiência de instrução e julgamento. Ela é testemunha de defesa no processo envolvendo os advogados.
O pedido de suspeição de Márcio Alexandre Wust vai ser analisado pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.