Albertino Ribeiro
O vernáculo sabotagem tem sua origem na palavra francesa “sabot”, que significa tamanco. Isso mesmo! Tamanco; aquele calçado que as mulheres usam e que nunca sai de moda. “Mas o que tem uma coisa a ver com a outra Albertino?” Vou explicar nos próximos parágrafos.
Logo após a revolução industrial, a mão-de-obra feminina passou a ser muito utilizada nas fábricas de tecelagem, pois os CEOs da indústria nascente perceberam que as mulheres eram mais habilidosas no ofício. Isso é fato, inclusive, as homenageadas de 8 de março conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo. Estou mentindo, leitor?
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No chão de fábrica daquela época, as mulheres eram mais que exploradas. Além de ganharem uma miséria, trabalhavam 16 horas por dia em locais insalubres e não tinham direito algum. Assim sendo, quando ficavam extremamente cansadas e sugadas, elas usavam uma estratégia infalível. É justamente aí que entravam os tamancos.
A estratégia das trabalhadoras era simples; colocavam o calçado de madeira e couro entre as engrenagens da fábrica e, como consequência, as máquinas paravam de funcionar. Era uma grande sabotagem! Logo, não havendo outra alternativa, todas eram dispensadas mais cedo porque o conserto do maquinário demorava muito.
O tamanco do machismo.
Hoje, parece que é a mentalidade machista que usa tamancos nas empresas. Esses cabeças duras não conseguem enxergar algo tão óbvio e impedem que a mulher realize todo seu potencial produtivo.
Estudo promovido pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), em 2017, mostrou que maior participação feminina aumentaria o PIB brasileiro em 3,3% e injetaria R$ 382 bilhões à economia até 2025.
Diante disso, a inclusão da mulher no mercado de trabalho e com remuneração equiparada a dos homens, não é apenas uma questão de justiça social – o que já seria um bom motivo -, mas é também algo inteligente e fio condutor rumo à prosperidade do País.
E não é apenas isso, estudos apontam que a mulher gasta 90% da sua renda com a família. Isso significa, na prática, maior cuidado com à saúde, educação e alimentação dos filhos. Dito de outro modo, a mulher devolve grande parte da sua renda laboral para a promoção do bem-estar da sociedade.
Paula Tavares, especialista em gênero do Banco Mundial, informou que apenas 8% das mulheres ocupam cargo de liderança nas empresas do país. Em matéria publicada pela EBC (Agência Brasil), Tavares explica que uma das medidas, que poderiam transformar essa realidade, seria a adoção de Políticas Públicas, como cotas para mulheres. “O Canadá adotou essa política e conseguiu aumentar a participação das mulheres de 18% para 25%”, afirmou a pesquisadora.
Destarte, fica claro que é contraproducente sabotar as mulheres no mercado de trabalho, pois esta sabotagem voltar-se-á contra a própria economia do país.
Sendo assim, como diria a Rita Lee:
“Por isso não provoque; é cor de rosa choque”.
Rita Lee