Após virar assunto no Brasil e no mundo, o deputado estadual João Henrique Catan (PL) afirmou na sessão da Assembleia Legislativa que vai processar mais de 50 jornais que o acusaram de fazer apologia ao nazismo. Em debate na terça-feira (7), o parlamentar exibiu o livro “Mein Kampf” (Minha Luta), de Adolf Hitler, para pedir aprovação de requerimento em que cobra lista completa de nomeações de comissionados no governo do Estado.
O discurso de João Henrique empunhando o livro viralizou nas redes sociais e a gravação mostra a seguinte declaração: “É com a apresentação do Mein Kampf, de Hitler, que peço para que este parlamento se fortaleça, se reconstrua e se reorganize nos rumos do que foi o Parlamento Europeu da Alemanha”.
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Esta fala foi interpretada como exaltação ao ditador nazista Adolf Hitler e virou notícia em dezenas de jornais. Alguns veículos classificaram a situação como crítica do deputado à base governista que rejeitou o requerimento na Assembleia.
Na sessão desta quinta-feira (9), Catan disse que vai processar quem noticiou sua ação como apologia ao nazismo. “Em nome da verdade e dos temas que são debatidos nessa Casa, este deputado vai acionar mais de 50 portais de notícias que publicaram que este parlamentar exaltou na tribuna da Assembleia Adolf Hitler”, informou.
Puxão de orelha
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gerson Claro (PP), deu um puxão de orelha no colega por ter levado o livro considerado a “Bíblia do Nazismo” para uma discussão no plenário.
“A mesa diretora pretende reiterar seu posicionamento em relação ao comportamento do deputado João Henrique Catan. De fato, nós participamos de uma sessão onde houve manifestações, que consideramos infelizes e inadequadas, especialmente pela utilização de um livro que relembra um momento da história da humanidade que nos entristece e não é motivo de orgulho e manifestação em qualquer Casa da democracia do mundo”, disse Gerson.
“Qualquer denúncia de possível irregularidade no que tange a manifestação do deputado estadual serão devidamente apuradas pela Corregedoria ou pela Comissão de Ética, que é competente para instauração de processo disciplinar”, esclareceu o presidente.
Defendido por petistas
João Henrique Catan ainda teve de ver deputados petistas o defender sobre a interpretação equivocada do discurso do colega. Pedro Kemp (PT) afirmou que o parlamentar não fez apologia ao nazismo.
“Fui muito procurado pela imprensa e esclareci que o que estava sendo divulgado não correspondia ao que aconteceu na Assembleia. Precisamos ser honestos. Se tivesse apologia, seria o primeiro a acionar a Comissão de Ética”, falou Kemp, que também considerou a infeliz a atitude de Catan de usar o livro de Hitler no debate.
Amarildo Cruz usou a tribuna para dizer que está preocupado com a banalização do mal a qualquer custo.
“Não assistimos uma apologia direta ao nazismo, mas indiretamente provocou uma grande discussão. No Brasil, nos últimos quatro anos, as células de nazismo cresceram de 72 para 1.117. Isso me incomoda muito e não podemos tolerar isso. O parlamento precisa discutir parâmetros e limites para isso não acontecer mais”, declarou.