O deputado estadual João Henrique Catan (PL) utilizou o livro “Mein Kampf” (Minha Luta), de Adolf Hitler, durante debate em que pedia a aprovação de um requerimento ao Governo do Estado. O parlamentar solicita a lista completa de nomeações de comissionados no Executivo, além de os que estão cedidos a outros órgãos, com informações de carga horária e remuneração destes servidores.
João Henrique utilizou a tribuna do legislativo para pedir o apoio dos colegas a sua demanda. Em determinado momento, o deputado apresenta o livro do líder nazista e responsável por conduzir a Alemanha à Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler.
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O deputado bolsonarista diz que o livro retrata as estratégias de Hitler para “aniquilar, fuzilar o parlamento e os direitos de representação popular”.
“É com a apresentação do Mein Kampf, de Hitler, que peço para que este parlamento se fortaleça, se reconstrua e se reorganize nos rumos do que foi o Parlamento Europeu da Alemanha”, discursou João Henrique.
A utilização do livro do líder nazista no debate foi alvo de críticas.
“Dentro da Assembleia Legislativa de MS, deputado estadual exalta o livro Mein Kampf, de Hitler, considerado a Bíblia do Nazismo, que propaga ideias racistas e intolerantes às minorias. Eu só consigo lembrar de Bertold Brecht: a cadela do fascismo está sempre no cio mesmo”, declarou a deputada federal Camila Jara (PT), em suas redes sociais.
Em nota, a assessoria de João Henrique informou que o deputado usou o livro como “crítica às estratégias de Hitler para anular o parlamento e corromper a democracia”.
“O Governo do Estado orientou sua base a votar contra um requerimento simples, que visava detalhar as contratações com cargos comissionados do estado. Coisa simples, da atividade fiscalizatória e devido exercício da atividade parlamentar. A citação foi justamente oposta a esse sentido, em crítica às estratégias de Hitler para anular o parlamento, corromper a democracia, até que colocou, por meio de infiltrado, fogo no parlamento alemão”, diz a nota.
“A crítica revela que a democracia no nível estadual está fragilizada, de maneira disfarçada, institucionalizada, legalizada pelo governador do Estado, pela coalisão, está entrando em autofagia, ao queimarem a independência do parlamento estadual. Ou seja, Hitler anulou o parlamento colocando fogo no prédio, o Governo do Estado de MS ateou fogo no parlamento estadual construindo sua base para que renunciem ao exercício e independência da atividade parlamentar”, conclui.
O requerimento foi rejeitado com 16 votos contrários e 2 favoráveis. A maioria dos deputados argumentou que os dados solicitados foram publicados no Diário Oficial do Estado e constam no Portal da Transparência do governo.