Apontada como autora das gravações com a proposta de “rachadinha” feita pelo vereador Tucura Segatto (PTB), a ex-assessora Sandra Eliane Espíndola Mendonça ganhou cargo na Prefeitura de Rio Brilhante. O prefeito Lucas Centenaro Foroni (MDB) a nomeou como coordenadora na Secretaria de Assistência Social.
De acordo com o decreto publicado no Diário Oficial do município desta sexta-feira (3), Sandra vai atuar como coordenadora de programas sociais, com carga horária de 40 horas semanais, a contar a partir do dia 23 de fevereiro de 2023.
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A nomeação ocorre em meio à polêmica causada pelos áudios que mostram o vereador Tucura propondo à Sandra que ela dividisse o salário a ser pago Câmara Municipal com um colega, sem que este fosse contratado oficialmente, a chamada “rachadinha”.
O áudio começou a circular nas redes sociais entre moradores da cidade, nesta semana, e levou outros parlamentares a apresentar denúncia ao Ministério Público Estadual e a pedido de cassação no Legislativo, que ainda não foi feito, segundo o presidente da Casa, vereador Paulo César Alves (MDB).
O vereador Tucura Segatto disse a O Jacaré que é “perseguido pelo sistema”, que tenta prejudicá-lo por seu discurso de diminuir gastos públicos e cortar benefícios dos próprios vereadores e na cobrança da prefeitura.
Tucura também registrou boletim de ocorrência por calúnia e difamação, na quinta-feira (2), contra a ex-assessora na Delegacia de Polícia de Rio Brilhante. De acordo com o vereador, foi a mulher que sugeriu rachar o salário com o colega.
Segatto vê a nomeação de Sandra pelo prefeito Lucas como um prêmio por tentar fazê-lo perder o cargo na Câmara de Vereadores. “Agora a mulher que participou de toda essa armação para tentar me derrubar ganhou um emprego do prefeito. Coincidência, né?”, afirmou.
Tucura acredita que o chefe do Paço Municipal quer prejudicá-lo por ser “o único vereador que não me considero posição” e que cobra do município ações solicitadas pela população, como falta de remédios nos postos de saúde, conserto das vias públicas, atraso em exames médicos. “Me calando, eles estariam tranquilos”, diz.
“A prova que isso é uma armação rasteira é que hoje ela virou funcionária do Executivo. É bem triste e lamentável. Nós queremos muito que se apure, tanto é que fiz o BO, e vou pra cima e não vou recuar porque aqui não tem crime. Aqui tem linha e decência, e nós iremos até onde tiver que ir”, finaliza.
Rachar o salário
O áudio que teria sido gravado por Sandra Eliane mostra três pessoas conversando, o Tucura Segatto, ela e outro assessor, sobre a divisão de como seria feito o trabalho de assessoria, com postagens nas redes sociais e de acompanhamento do parlamentar, um no período da manhã e o outro, à tarde.
Em determinado momento, a ex-assessora diz que a divisão do mesmo salário, a “rachadinha”, é peculato, desvio de dinheiro público. “Você vai pagar alguém que vai fazer parte do seu serviço”, rebate o vereador. “Mas é o meu salário”, afirma ela.
Sandra demonstra preocupação com o caso, e quer garantias de que não vai lhe causar problemas no futuro. “E se mais tarde der um rolo? Eu não vou me ferrar sozinha não”. O vereador Tucura diz que só daria problema se ela contasse a alguém.
“Eu se eu for fazer, só que eu quero em espécie”, diz o outro assessor. “Se acontecer alguma coisa, é nós três que toma fogo. Para alguém saber disso aí, é só se algum de nós três der com a língua nos dentes”, completa. Para se precaver, a mulher exige recibo para efetuar o pagamento.
Em um dos áudios, Tucura conversa com alguém ao telefone, tentando esclarecer se haveria problema em os assessores racharem o salário. “Como a pessoa da parte da manhã que recebe, essa pessoa ficou com o compromisso de pagar o da tarde. A pessoa que tá nomeada recebe, mas ela acerta com o outro. Assim que a gente combinou”, explica o vereador.