O juiz Márcio Alexandre Wust, da 6ª Vara Criminal, afirmou que a interceptação da conversa reservada com advogados ocorreu sem autorização judicial. Sobre as manifestações, ele destacou que se sensibilizou com a situação dos advogados, que estavam “emocionalmente afetados”.
O magistrado negou que tenha feito críticas ao trabalho do Gaeco, do TJMS e dos tribunais superiores. Ele explicou que o Tribunal de Justiça é rigoroso em processos em que existem imputação de organização criminosa – os casos geralmente ligados ao Gaeco.
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Na decisão do dia 27 de fevereiro, publicada no dia 1º deste mês, Wust negou o pedido de suspeição e deixou claro que vai contestar a suspeição levantada pelos promotores de Justiça.
Sobre o diálogo com os advogados de defesa, o magistrado é taxativo de que se trata de “conversa reservada”. Ele disse que não sabe como os promotores conseguiram gravar a conversa, se ocorreu após pedir a retirada da acusação.
“O que se evidencia é que os defensores e eu nos equivocamos, posto que o MP, apesar da solicitação expressa de desconexão, por algum meio, conseguiu que ninguém percebe que ainda estava conectado”, destacou o juiz, levantando suspeitas de que como a conversa acabou sendo gravada pelo Gaeco.
Wust concluiu que a interceptação da conversa sem autorização judicial é ilegal e não tem validade.
Sobre os termos usados, ele destacou que se sensibilizou com o fato dos advogados estarem “emocionalmente afetados”. A irmão de Ghizzi estaria com “olhos marejados”. No dia seguinte, conforme o juiz, o defensor público, pai de Bruno, chorou durante toda a conversa no seu gabinete.
Ele disse que não era para contraditar os advogados, para fazer uma defesa acirrada dos seus atos, do Gaeco ou do Tribunal de Justiça, para não dar motivos para os réus questionarem sua imparcialidade. Para o magistrado, ele aconselhou os advogados de que não adiantavam os constantes requerimentos.
A decisão final sobre a suspeição do magistrado deverá ser adotada pelo Tribunal de Justiça.