Únicos a voltarem contra os dois projetos que concedem reajuste de até 206% nos salários dos secretários municipais e da prefeita da Capital, os vereadores Tiago Vargas (PSD) e Zé da Farmácia (Pode) classificaram como “vergonha” e “palhaçada” a aprovação pelos colegas da Câmara Municipal de Campo Grande.
As propostas foram apresentadas pelo presidente da Câmara Municipal, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), e pelo primeiro-secretário, Delei Pinheiro (PSD). A justificativa é de que, mais do que aumentar os salários dos integrantes do Executivo, as propostas garantem a valorização profissional de procuradores e auditores fiscais da prefeitura.
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Com salários defasados em 115%, os servidores destas categorias estão sem reajuste há 12 anos, já que seus vencimentos estão atrelados ao do chefe do Paço Municipal.
“Tá tudo bem, Campo Grande está mil maravilhas, linda, uma das melhores capitais brasileiras para se morar”, discursou ironicamente Tiago. “Vocês estão de brincadeira com a cara da população campo-grandense? Tão de palhaçada?”, prosseguiu.
Vargas comparou o valor reajustado do salário da prefeita Adriane Lopes (Patri), que pode chegar a R$ 41.845, com o salário mínimo de um trabalhador brasileiro, R$ 1.302. “Não entrei aqui para agradar categoria. O momento não é esse”, falou o parlamentar antes de votar contra o aumento, na sessão desta terça-feira (28).
Zé da Farmácia levou em consideração as categorias que não conseguiram reajuste e a situação dos bairros da Capital, para negar a aprovação dos aumentos, o que chamou de vergonha.
“Com todo respeito a classe que está lutando pelo reajuste e as outras classes que não conseguiram, mas eu vou votar não, porque a gente vive um problema sério nos bairros, um abandono total, e agora dá um aumento à prefeita para ajudar eles [procuradores e auditores], seria para mim uma vergonha”, declarou o vereador do Podemos.
No fim, foram 18 votos a favor e 10 contra a proposta que prevê o reajuste de 159% nos salários a partir de março deste ano. O aumento será de até 159%. O segundo projeto, que prevê o aumento de até 206% em 1º de fevereiro de 2025, foi aprovado por 26 vereadores. Apenas Tiago Vargas e Zé da Farmácia foram contra o aumento em qualquer situação.
Os dois projetos contemplam 405 funcionários privilegiados do funcionalismo público municipal, que terão aumento automático com a aprovação da proposta. Enquanto professores e enfermeiros lutam para receber o piso abaixo de R$ 5 mil, os servidores beneficiados pela votação de hoje vão ter os vencimentos corrigidos de R$ 21.263,62 para R$ 35.567,50.
Esta proposta contou com o apoio de 18 vereadores. Oito votaram contra porque consideram que o reajuste imediato é inconstitucional. A lei prevê que o salário da prefeita só pode ter correção na próxima legislatura.