Apesar de faltar dinheiro para dar reajuste aos professores e aos profissionais de enfermagem e do gasto com pessoal compromer 57% da receita, a Câmara Municipal de Campo Grande aprovou, em regime de urgência, o reajuste de até 206% nos salários dos secretários municipais e da prefeita da Capital. O salário de Adriane Lopes (Patri) de saltar de R$ 21.263,62 para R$ 41.845,48.
Foram 18 votos a favor e 10 contra a proposta que prevê o reajuste de 159% nos salários a partir de março deste ano. O aumento será de até 159%. O segundo projeto, que prevê o aumento de até 206% em 1º de fevereiro de 2025, foi aprovado por 26 vereadores. Apenas Tiago Vargas (PSD) e Zé da Farmácia (Podemos) foram contra o aumento em qualquer situação.
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Os dois projetos foram apresentados pelo presidente da Câmara Municipal, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), e pelo primeiro-secretário, Delei Pinheiro (PSD). A última proposta, que prevê reajuste de 96% no salário da prefeita, de R$ 21,2 mil para R$ 41,8 mil, foi apresentada ontem, no mesmo dia em que os profissionais de enfermagem entraram em greve e deixaram a população sem atendimento nos postos de saúde da Capital.
Os dois projetos contemplam 405 funcionários privilegiados do funcionalismo público municipal, que terão aumento automático com a aprovação da proposta. Enquanto professores e enfermeiros lutam para receber o piso abaixo de R$ 5 mil, os servidores beneficiados pela votação de hoje vão ter os vencimentos corrigidos de R$ 21.263,62 para R$ 35.567,50.
Esta proposta contou com o apoio de 18 vereadores. Oito votaram contra porque consideram que o reajuste imediato é inconstitucional. A lei prevê que o salário da prefeita só pode ter correção na próxima legislatura.
Votaram a favor do reajuste imediato de até 159%:
- Coringa (PSD)
- Otávio Trad (PSD)
- Delei Pinheiro (PSD)
- Valdir Gomes (PSD)
- Silvio Pitu (PSD)
- Clodoilson Pires (Podemos)
- Ronilço Guerreiro (Podemos)
- Ademir Santana (PSDB)
- Dr. Jamal (MDB)
- Ayrton Araújo (PT)
- Luiza Ribeiro (PT)
- Gilmar da Cruz (Republicanos)
- Betinho (Republicanos)
- Dr. Vitor Rocha (PP)
- Marcos Tabosa (PDT)
- Carlão (PSB)
- William Maksoud (PTB)
- Professor André Luís (Rede)
- Papy (SD)
Foram contra o aumento imediato:
- TIago Vargas (PSD)
- Zé da Farmácia (Podemos)
- Professor Riverton (PSD)
- Profssor Juari (PSDB)
- Edu Miranda (Patri)
- Beto Ovelar (PSD)
- João Rocha (PP)
- Coronel Alírio Vilassanti (União Brasil)
Tiago Vargas afirmou que não pode votar para elevar o salário da prefeita para R$ 41,8 mil, enquanto a maioria dos brasileiros ganha um salário mínimo de R$ 1.302. “Estão brincando com a cara da população”, lamentou o parlamentar bolsonarista.
Zé da Farmácia afirmou que outras categorias, como os profissionais de enfermagem, não conseguiram nenhum reajuste. “Os bairros estão abandonados, é uma vergonha dar um reajuste só para o salário da prefeita”, criticou o representante das Moreninhas.
Apesar de ter votado a favor do aumento, Professor André Luís (Rede) admitiu que o reajuste não deverá ser implementado por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal. De acordo com a Secretaria Municipal de Finanças, a prefeitura compromete 57% da receita líquida com o pagamento de pessoal, estourando o limite prudencial.
A proposta aprovada com 18 votos a 10 prevê aumento de 66% no salário da prefeita, de R$ 21.263,62 para R$ 35.462,22 a partir de 1º de março deste ano. O salário dos secretários terá correção de 159%, de R$ 11.619,70 para R$ 30.142,70.
Debochado, o presidente da Câmara, Carlão, afirmou que o momento é difícil, mas se comprometeu a colocar a proposta em votação. Ele não gostou de ser criticado por Adriane, que mais consciente, criticou o projeto por ser inoportuno, justamente no meio da greve dos trabalhadores da saúde. Carlão sugeriu que a prefeita faça doação do valor que exceder o atual subsídio.
O segundo projeto, que prevê o aumento somente a partir de 2025, só teve dois votos contra, de Tiago Vargas e Zé da Farmácia. 26 vereadores votaram a favor da proposta, que eleva o salário da prefeita de R$ 21.263,62 para R$ 41.845,48 – o valor supera até o salário pago ao governador Eduardo Riedel (PSDB), de R$ 35,4 mil.
Votaram pelo reajuste de até 206% e salário de R$ 41.845 para a prefeita:
- Coringa (PSD)
- Otávio Trad (PSD)
- Delei Pinheiro (PSD)
- Valdir Gomes (PSD)
- Silvio Pitu (PSD)
- Clodoilson Pires (Podemos)
- Ronilço Guerreiro (Podemos)
- Ademir Santana (PSDB)
- Dr. Jamal (MDB)
- Ayrton Araújo (PT)
- Luiza Ribeiro (PT)
- Gilmar da Cruz (Republicanos)
- Betinho (Republicanos)
- Dr. Vitor Rocha (PP)
- Marcos Tabosa (PDT)
- Carlão (PSB)
- William Maksoud (PTB)
- Professor André Luís (Rede)
- Papy (SD)
- Professor Riverton (PSD)
- Profssor Juari (PSDB)
- Edu Miranda (Patri)
- Betinho (Republicanos)
- João Rocha (PP)
- Coronel Alírio Vilassanti (União Brasil)
Foram contra o aumento de até 206%:
- Tiago Vargas (PSD)
- Zé da Farmácia (Podemos)
O vencimento dos secretários municipais vai saltar de R$ 11,6 mil para R$ 35.5678,50, um aumento de 206%. Os diretores de autarquias vão ganhar R$ 30.142,70. O vice-prefeito terá subsídio de R$ 37.658,50.
Nada como viver em uma cidade de quase R$ 1 milhão de habitantes rica e onde sobra dinheiro.
Ao votar pelo reajuste da prefeita, dos secretários e de um grupo privilegiado de 405 servidores com supersalários, os vereadores só repetem um mal secular da política brasileira, dar o pouco que tem para quem já ganha muito.
Ninguém em sã consciência vai considerar injusto repor a perda nos salários de 115% dos servidores municipais ao longo de uma década. No entanto, desde que não falte dinheiro para garantir reajuste justo para quem pouco ganha, como os professores, os profissionais de enfermagem, os guardas municipais, os agentes de saúde, etc.