Albertino Ribeiro
Isso mesmo, leitor! Parece mentira, mas se trata de uma “verdade chinesa”. A montadora de carros GWM – Great Will Motor – cuja tradução é Motor da Grande Muralha, está no Brasil, na cidade paulista de Iracemápolis.
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A empresa, para não perder tempo, comprou as instalações da Mercedes-Benz, que encerrara suas atividades no ano de 2020, em Iracemápolis. Agora, o pacato lugar recebe novamente uma grande montadora. Parece que a cidade paulista tem mesmo os lábios de mel, conforme o significado de Iracema, em Tupi Guarani.
Investimentos chineses
O Brasil tem sido um dos principais destinos de investimentos do gigante asiático. Em entrevista ao G1, o vice-presidente Geraldo Alkmin, que também é ministro da Indústria e Comércio, disse que, atualmente, existem U$$ 70 bilhões de investimentos chineses no Brasil, o equivalente a 4% do PIB brasileiro.
Pois é, o grande dragão asiático “quer mesmo fincar raízes no Brasil e ganhar a confiança do mercado”, afirmou o CEO da empresa, James Yang. Para isso, a montadora irá investir R$ 10 bilhões no país, desembolsando, em média, R$1 bi por ano.
A montadora começará a fabricação de carros elétricos no primeiro semestre de 2024. Trata-se do híbrido plug-in Haval H6 GT. O preço ainda não foi divulgado, mas os especialistas estimam que será entre R$ 270 mil e R$ 300 mil. É uma aposta ousada, pois terá que lutar com marcas já estabelecidas como a Jeep e a Toyota. Não vou entrar em detalhes, pois o objetivo deste artigo é tecer uma análise macroeconômica e também não quero competir com a revista Quatro Rodas.
O investimento em montadoras é salutar para qualquer economia, principalmente em um país como o Brasil, que possui uma alta taxa de desemprego e baixa produtividade. É um setor que possui
Uma cadeia produtiva longa e sofisticada, que gera bons empregos em diversas atividades. No caso da GWM, serão gerados, pelo menos, 2000 empregos diretos.
Fazer com os chineses o que eles fizeram com os LAWOAI
Lawoai é como os chineses chamam os estrangeiros. Em 1994, quando a China começou a investir na indústria de automóveis, as multinacionais viram a oportunidade de investirem num país com grande potencial mercadológico. Contudo, o estado chinês exigiu que, para ter acesso ao seu gigante mercado interno, as empresas estrangeiras deveriam compartilhar e transferir suas tecnologias, através de joint venture (consórcio de empresas).
Destarte, para não perder um verdadeiro “negócio da China”, as empresas, inclusive a TESLA, aceitaram o acordo e, desde então, as montadoras chinesas tem crescido em valor e sofisticação. Já em 2009, a China tornou-se a maior produtora e vendedora de automóveis do mundo.
De igual modo, é importante que o Brasil aproveite o bom “Feng Chui” (sopro do vento) dos chineses e utilize a mesma estratégia. Por que não?! Será que vamos cometer o mesmo erro do passado, quando abrimos o mercado, mas não adotamos nenhuma estratégia de absorção de Know-how?
Nosso canarinho precisa aprender muito com o dragão chinês, que diferentemente dos dragões dos filmes europeus, é um símbolo de aperfeiçoamento, virtude e prosperidade. Só assim iremos deixar para trás os voos de galinha, que sempre frustraram os sonhos de sermos uma grande nação desenvolvida.