A Prefeitura de Campo Grande prestou contas das suas finanças, na manhã desta sexta-feira (24), na Câmara de Vereadores. O balanço apresentou faturamento recorde tanto nas receitas do cofre municipal, com R$ 2,3 bilhões, quanto na soma total de todas as fontes, com valores repassados do estado e do governo federal, R$ 5,3 bilhões, em 2022.
No comparativo de crescimento da receita corrente líquida, houve um aumento de 12,84% em relação ao arrecadado em 2021, com R$ 4,5 bilhões em 2022, frente aos R$ 4 bilhões do ano anterior. Este é o maior percentual de variação dos últimos cinco anos, desde 2017, segundo dados apresentados pela secretária de Finanças, Márcia Helena Hokama.
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Todos os incrementos de faturamento foram acima dos dois dígitos. As receitas arrecadadas de todas as fontes passaram de R$ 4.674.781.976,74 em 2021 para R$ 5.318.842.450,43 no ano passado, crescimento de 13,78%. Já as receitas própirias da prefeitura passaram de R$ 2.142.199.877,51 para R$ 2.364.819.807,73, o que representou um aumento de 10,39%.
Esta bonança nos cofres municipais, porém, não se refletiu em melhorias salariais para os servidores da Capital nem em serviços e infraestrutura para a população da cidade, muito pelo contrário. A prefeita Adriane Lopes (Patri) viu hoje os profissionais da enfermagem aprovarem greve a partir de segunda-feira (27).
Em menos de um ano de gestão, a chefe do Paço Municipal viu os motoristas de ônibus paralisarem o transporte coletivo duas vezes e os professores da rede municipal de ensino cruzarem os braços por uma semana no final do ano passado.
Os médicos do Hospital do Câncer Alfredo Abrão entraram em greve nesta semana e só vão realizar os atendimentos emergenciais. Doentes com câncer estão sem atendimento por causa de déficit no repasse por parte do município. Como a gestão da saúde na Capital é de competência da prefeitura, a paralisação é mais uma decorrente da administração de Adriane Lopes.
Além disso, os campo-grandenses têm de enfrentar os problemas causados pelas chuvas deste verão, com os buracos voltando a tomar ruas e avenidas da cidade. Obras foram paralisadas ou andam a passos de tartaruga, sem contar os problemas crônicos da saúde, com falta de médicos e remédios.
Queixas de vereadores
A vereadora Luiza Ribeiro (PT) demonstrou indignação com a forma como a Capital é administrada. “Lamentavelmente, nossa finança não está organizada, estamos em uma situação fiscal grave. Não tem melhorado nossa gestão fiscal. Estamos bem acima dos limites legais”.
“É uma situação muito grave. Nossa gestão fiscal está em crise. A prefeitura não está atendendo às questões demandadas pela sociedade. Está com metas atrasadas, como o plano municipal de educação. A gente não sabe o que está acontecendo”, completou a petista.
Ronilço Guerreiro (Pode) se disse “frustrado” com a situação da cidade. “A gente anda nas ruas onde está a população e somos mais cobrados do que os secretários. Colocamos recursos e até agora nada”, lamentou.
O parlamentar lembrou a “morosidade” de obras ou que estão paradas como a revitalização do Horto Florestal, do Teatro do Paço, do Centro de Belas Artes e a revitalização da antiga rodoviária, além de melhorias nos banheiros das feiras.
Durante a prestação de contas, a secretária de Finanças, Márcia Helena Hokama, destacou a busca por reduzir os gastos com pessoal e diminuir despesas. “Nós tivemos algumas exonerações, estamos revendo o nosso quadro de pessoal. A prefeita Adriane Lopes tem feito isso constantemente na diminuição do custeio e nas despesas com pessoal”, afirmou.