Quatro deputados federais reeleitos – Beto Pereira e Dagoberto Nogueira, do PSDB, Dr. Luiz Ovando (PP) e Vander Loubet (PT) – e a senadora Tereza Cristina (PP) vão receber dois salários extras para pagar por “mudança fictícia”. Na farra com o dinheiro público, cada parlamentar tem direito ao salário extra no final e no início de cada mandato, supostamente, para custear a “mudança” até Brasília.
Só que os cinco parlamentares vão continuar em Brasília e não vão ter nenhum custo extra para levar cama, mesa e fogão de Mato Grosso do Sul para o Distrito Federal. Apesar disso, cada um vai embolsar um extra de R$ 73 mil, considerando os R$ 33.763 pagos no final do mandato e os R$ 39.293,32 pagos no início da nova legislatura.
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Beto Pereira e Dr. Ovando estão no segundo mandato e vivem na capital federal desde 2019. Dagoberto está no quarto mandato consecutivo. Vander está em Brasília há seis mandatos, desde 2003.
Tereza Cristina foi deputada federal por dois mandatos e só vai mudar de casa, da Câmara dos Deputados para o Senado, mas permanece em Brasília. Ela recebeu o “auxílio mudança” no final de mandato de deputada federal e outro para iniciar a legislatura como senadora da República.
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, o Congresso Nacional vai gastar R$ 40 milhões com o pagamento da mamata para 530 parlamentares. O auxílio mudança é o mesmo valor do salário pago no final e no início de cada legislatura, mesmo que o deputado ou a senador não esteja de mala e cuia.
Em 2019, o pagamento do benefício causou polêmica e houve deputado que devolveu o valor pago pela Câmara dos Deputados. Na ocasião, Fábio Trad (PSD) foi o único parlamentar que tomou a iniciativa de recusar a mamata e devolveu o dinheiro. Desta vez, como não foi reeleito, ele contou que aceitou o pagamento para custear as despesas da mudança.
“Quando fui reeleito, eu renunciei. Apresentei ofício abrindo mão porque não precisava me mudar. Agora eu tive que trazer todas as minhas coisas de lá (Brasília) para cá (Campo Grande). Não sei se depositaram ou não, mas evidentemente vou usar para cobrir as despesas da mudança, porque não fui reeleito e agora sim a verba atende a finalidade”, disse Fábio Trad ao Campo Grande News.
Os novos deputados, como Camila Jara (PT), Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira, do PL, e Geraldo Resende (PSDB), também vão receber o salário extra. No entanto, pelo menos teoricamente, eles vão precisar fazer a mudança para Brasília, onde devem ficar, pelo menos, três dias por semana, de terça a quinta-feira.
No entanto, uma mudança de Campo Grande para Brasília não custa R$ 39,2 mil.