O Ministério Público Estadual denunciou o ex-prefeito de Campo Grande, Gilmar Antunes Olarte, 52 anos, sem partido, pelo golpe do falso leilão em um casal de fieis que teve prejuízo de R$ 800 mil. Ele, uma gerente de banco e um intermediário foram denunciados por estelionato e associação criminosa.
Conforme a promotora Cristiane Amaral Cavalcante, o suposto golpe foi aplicado no dia 9 de novembro de 2020. O ex-prefeito indicou o técnico em pavimentação Diego Aparecido Francisco, 37, que se passou por advogado, que convenceu o casal a comprar um prédio em leilão por R$ 350 mil na Avenida Marechal Deodoro, no Jardim Tijuca. O imóvel não estava à venda.
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Amigo de Olarte e fiel na igreja evangélica Assembleia de Deus Nova Aliança do Brasil, o casal confiou no então pastor e fez o negócio com Diego, que cobrou R$ 60 mil a título de honorários advocatícios. Ele indicou a gerente do Banco Safra, Alessandra Carrilho de Araújo, 46, que viabilizou o financiamento de R$ 800 mil para quitar o leilão e o capital de giro.
“Consta do incluso Inquérito Policial – Ocorrência n.º 43/2021 – DEDFAZ, no dia 09 de novembro de 2020, (…) no Bairro Royal Park, nesta capital, que GILMAR, DIEGO e ALESSANDRA, associaram-se para o fim específico de cometer crimes, ao se unirem para induzirem as vítimas (…) a erro e obterem vantagem ilícita”, pontuou a promotora.
“GILMAR, então, encaminhou e apresentou as vítimas à DIEGO, passando-se por advogado especialista em transações imobiliárias, procedeu com os trâmites e documentações para a devida aquisição do imóvel, apresentando-lhes ALESSANDRA, gerente do Banco Safra, a qual efetuou a abertura da conta e autorização para os empréstimos solicitados pelas vítimas”, relatou.
“Todas as tratativas com ALESSANDRA foram intermediadas por DIEGO, os quais teriam resolvido as formalidades de abertura da conta e contratações de serviços, feito o preenchimento da proposta de empréstimo e demais documentos expedidos pelo Banco Safra, sendo que as vítimas eram, constantemente, impedidas pelos acusados de se deslocarem ao Banco Safra, pessoalmente, de modo que tudo era resolvido no próprio escritório de DIEGO”, afirmou.
Os três foram indiciados pela Polícia Civil e denunciado pelos crimes no dia 9 deste mês. A denúncia será analisada pelo juiz Marcio Alexandre Wust, da 6ª Vara Criminal de Campo Grande.
Olarte está preso desde maio do ano passado para cumprir a pena de oito anos e quatro meses a que foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele tem direito a sair do presídio para frequentar a faculdade à noite.
O ex-prefeito também foi condenado por lavagem de dinheiro pelo gasto de R$ 1,3 milhão pela compra de um terreno e construção de uma mansão no Residencial Damha, em Campo Grande. O MPE quer ampliar a pena ao pedir a sua condenação também pela compra de mais nove imóveis.
No entanto, o julgamento do recurso está tramitando há dois anos na 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. O relator é o desembargador José Ale Ahmad Netto. Desde novembro do ano passado, o julgamento foi adiado cinco vezes.