A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul desarticulou, nesta terça-feira (14), uma organização criminosa envolvida em lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e crimes contra a ordem tributária, responsável pelo desvio de R$ 430 milhões em sonegação de impostos. Além de MS, a Operação Alumidas contou com ações em outros estados do país.
De acordo com o Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), o esquema criminoso envolve empresas do ramo de sucatas de alumínio e alumínio industrializado.
Aqui no Estado, foi identificada uma empresa beneficiada com a fraude milionária ao utilizar firmas de fachada que davam “uma falsa rastreabilidade” à mercadoria através de notas fiscais falsas, para simular comercialização em MS e interestaduais sem pagar impostos.
A operação cumpriu 27 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal Residual de Campo Grande, sendo 13 no estado de São Paulo (Capital, Guarulhos, Campinas, Bragança Paulista e Paulínia), 11 em Mato Grosso do Sul (Campo Grande, Paranaíba e Sete Quedas), 1 no Rio de Janeiro (Capital), 1 no Pará (Belém) e 1 em Minas Gerais (Belo Horizonte).
A Receita Federal lavrou autuações superiores a R$ 250 milhões no país e mais R$ 180 milhões em Mato Grosso do Sul.
A empresa que lidera a organização criminosa tem sua base central no município de Paranaíba, a 407 km de Campo Grande, e tem como sócios pai e filhos de uma família que mora em Campinas (SP). Na Capital, estão os gerentes operacionais do esquema, que atuam no recrutamento de “laranjas” para abrir as empresas de fachada.
Conforme o Dracco, a Justiça autorizou o sequestro e indisponibilidade de bens na posse de sete investigados apontados como principais integrantes da organização criminosa. Também foi determinado o bloqueio de todo patrimônio relacionado à empresa beneficiária do milionário esquema, abrangendo veículos, imóveis, aplicações financeiras, dentre outros.
A Operação Alumidas apreendeu carros de luxo como Porsche, Mustang, Mercedes, Land Rover e Dodge Ram.
Parte do grupo já foi investigado na Operação Blindagem Metálica, deflagrada em 2021, por sonegar R$ 4 bilhões em cinco anos.
Investigações
As investigações começaram quando chegou ao conhecimento do Dracco um relatório minucioso feito pela Secretaria de Fazenda de Mato Grosso do Sul (Sefaz) que identificou um esquema de sonegação fiscal milionário lesando os cofres públicos do Estado.
Segundo as apurações, pessoas jurídicas conhecidas como “noteiras” emitem documentos fiscais inidôneos simulando compra e venda de sucata de alumínio e alumínio industrializado. O objetivo é gerar créditos fiscais fictícios às companhias do grupo investigado, além de acobertar a circulação de mercadorias de origem desconhecida.
Por meio de manobras contábeis e comerciais, há indícios de reiterado ajuste irregular do fluxo produtivo, notas fiscais, pagamentos e até simulação de transporte de mercadorias inexistentes, para confundir os órgãos de fiscalização, em especial quanto às operações fictícias de compra e venda de sucata de alumínio ou de alumínio industrializado.
No curso das investigações, o vínculo entre as empresas ficou ainda mais claro, não só pela forma de agir, mas também pela operacionalização da fraude pelo mesmo contador, velho conhecido da polícia pela prática de diversos crimes como: falsidade ideológica, estelionato e lavragem de dinheiro.
Este contador foi preso durante operação do Dracco em abril de 2021. Após sua detenção, um novo núcleo operacional se instalou em Campo Grande, dando continuidade à operacionalização do esquema fraudulento.
O contador foi responsável pela constituição das pessoas jurídicas investigadas e por suas respectivas contabilidades.