Semana passada, o presidente Lula, em discurso no BNDES, por ocasião da posse do economista Aloizio Mercadante na presidência do banco, perguntou aos empresários presentes, por que eles não estão reclamando das altas taxas de juros, praticadas pelo BACEN? Na época em que Lula governou, esse mesmo empresariado vivia a reclamar do governo. E os motivos eram os mesmos: impedia o crescimento econômico e tornava a dívida pública mais cara.
O interessante é que hoje, esses mesmos empresários, estão muito comportados e, além de não reclamarem dos juros, resolveram ficar ao lado do seu carrasco. Seria uma espécie de síndrome de Estocolmo financeira?
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Eis aí um grande mistério; por que será que boa parte dos grandes empresários brasileiros estão calados? Procurei respostas lógicas, mas não encontrei. Então, deduzi que a questão não é racional; é meramente emocional. Trata-se de emoções muito primitiva, que nos assaltam em momentos de fraqueza: ódio e desprezo, por exemplo.
Em 2010, último ano do governo Lula, esses mesmos empresários reclamavam de uma taxa de juros de 9,8% em cenário inflacionário de 5,91% (acumulado do ano). Hoje, a taxa de juros está em 13,75% com uma inflação acumulada em 2022 de 5,79%. Pois é, meus amigos. Os juros reais na época de Lula eram bem menores que os de hoje. Então pergunto novamente: por que estão calados?
A independência do Banco Central tem sido ponto de atrito entre o governo e o Banco Central. Alguns apoiadores de Lula no Congresso têm falado em revoga-la. Contudo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que não existe possibilidade desse assunto transitar na casa legislativa, pois autonomia do BC já é marca registrada nos demais países.
Contudo, é necessário contextualizar essa autonomia nos demais países. Os presidentes dos bancos centrais da Europa, por exemplo, são pragmáticos e não permitem que suas crenças em doutrinas econômicas interfiram no seu trabalho.
Por seu turno, o senhor Roberto Campos Neto, é uma caricatura, um verdadeiro avatar do pensamento neoliberal. Destarte, não existe a menor possibilidade do Banco Central tomar decisões que estejam em consonância com o governo atual cujas aspirações são desenvolvimentistas. São como água e óleo.
Enquanto o chairman do banco for o Bob Campos, a tendência é que o crescimento econômico seja sabotado.