O ex-governador André Puccinelli (MDB) deu o primeiro passo, nesta quinta-feira (9), para superar as mágoas com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Com o propósito de unir o MDB para ganhar força e voltar a disputar o comando da Prefeitura de Campo Grande, a principal estrela do partido vem articulando para unir o partido e retomar os laços com os novos protagonistas.
Alçada ao posto de maior liderança política do MDB em Mato Grosso do Sul, Simone se distanciou de André em 2018, quando ele foi preso na Operação Lama Asfáltica e ela recusou o pedido para disputar o Governo do Estado.
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O rompimento não foi oficial, mas persistiu ao longo dos anos. André foi candidato a governador e não contou com o apoio da ex-senadora. O marido de Simone, Eduardo Rocha assumiu a Secretaria Estadual de Governo e foi um dos principais articuladores da campanha do adversário, o ex-secretário de Infraestrutura e atual governador, Eduardo Riedel (PSDB).
Puccinelli também não fez campanha para Simone. Ele anunciou que o palanque estava aberto para vários candidatos. Especula-se, inclusive, que o emedebista não teria votado em Simone Tebet para presidente da República no primeiro turno.
Ela ficou em 3º lugar na disputa e conquistou 4,9 milhões de votos. Principal nome da terceira via, Simone se engajou na campanha de Lula no 2º turno e acabou sendo nomeada ministra do Planejamento, o segundo cargo mais importante na equipe econômica do petista.
André Puccinelli fracassou nas urnas ao ficar fora do segundo turno e ser o mais prejudicado por Bolsonaro, que fez um apelo pelo voto no deputado estadual Capitão Contar (PRTB) na véspera do primeiro turno. O ex-governador desabou, ao cair de 31% nas pesquisas para 3º lugar na abertura das urnas.
Esta foi a primeira derrota política de André desde que foi candidato a deputado estadual em 1986. O emedebista colecionou vitórias em todas as disputas. Agora, como bom articulador político, André se movimenta para chegar forte à disputa da prefeitura da Capital.
O primeiro passo é reunir o MDB, rachado entre o seu grupo e o PSDB. Nesta quinta-feira, Riedel oficializou o convite para Márcio Fernandes (MDB) ser o líder do Governo na Assembleia Legislativa. O deputado apoiou o tucano no 2º turno, contrariando André, que optou pelo Capitão Contar. Ele já chegou a dar entrevistas dizendo que se arrependeu do apoio.
O primeiro grande passo será reatar com Simone, a ministra do Governo Lula. “Reunião boa! Ali existe uma história. É inegável que existiram divergências, mas André foi um grande propulsor da trajetória de Simone”, comentou o ex-ministro da Secretaria de Governo e ex-deputado federal, Carlos Marun. “E ela ‘abriu asas e voou’ e hoje é muito importante no partido, principalmente a nível nacional. E existe reconhecimento mútuo e isto ficou claro na reunião”, avaliou.
O encontro no gabinete de Simone teve a presença de André, do presidente regional do MDB, Júnior Mochi, de Marun e do ex-senador Waldemir Moka.
“O MDB saiu machucado desta eleição. Então mais necessária é a superação das divergências internas para que possamos retomar nossa grandeza. Houveram erros de parte a parte”, avaliou Marun, em um momento de franqueza.
“O MDB do MS não se empenhou na campanha de Simone, com poucas exceções entre as quais eu me incluo. Porém, Eduardo Rocha foi o coordenador de fato da campanha de um dos nossos adversários, que publicamente apoiou Bolsonaro no primeiro e segundo turnos, mesmo o PSDB estando na coligação de Simone”, ressaltou.
“Agora, passada a eleição, existe condição de retorno à normalidade. O governador Riedel quer o apoio do partido e as coisas se encaminham para isto. Então não existem razões para a manutenção de conflitos”, resumiu o ex-ministro.
André também está otimista com a união dos emedebistas de Mato Grosso do Sul. “Tudo tranquilo. Vamos sentar pra compormos o diretório em conjunto”, concluiu o ex-governador, que ainda não admite ser candidato a prefeito, mas passou a ser presença constante nas redes sociais visitando os moradores da Capital e relembrando seus feitos.