A Prefeitura de Campo Grande arrecadou mais de R$ 516,3 milhões com ISSQN (Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza) em 2022. Este montante representa um aumento de 18,5% comparado aos R$ 435,5 milhões de 2021. Apesar do crescimento “robusto”, a prefeita Adriane Lopes (Patri) alegou falta de dinheiro para não pagar o reajuste de 10,39% previsto em lei aos professores. ALém disso, empresas estão abandonando obras porque não recebem do município.
Segundo o Boletim Econômico de janeiro, divulgado na segunda-feira (6), o setor de serviços, principal segmento da economia de Campo Grande, com um peso de 70,9% na economia municipal e 49,4% na economia estadual, avançou 11,6% no acumulado de 2021, enquanto as atividades comerciais registraram crescimento de 11,5%, em Mato Grosso do Sul.
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“Considerando o peso de Campo Grande na economia estadual, é possível afirmar que parte significativa destes bons números são oriundos da Capital”, diz o relatório desenvolvido pela Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio (Sidagro).
O município destaca que o “crescimento real” da arrecadação com ISS, se for descontada a inflação entre 2021 e 2022, foi de 13,3%. “Evidenciando um ano com franca recuperação da atividade econômica no principal segmento econômico do município de Campo Grande, os serviços”.
Crises
Esse acréscimo nas finanças não se refletiu na gestão da prefeita Adriane Lopes (Patri), marcada por sucessivas crises. Em menos de um ano de gestão, houve greve dos professores, paralisação e lentidão de obras, e negociação conturbada com o Consórcio Guaicurus que resultou em um dia sem ônibus para os trabalhadores da Capital.
Adriane foi a segunda prefeita a apelar à Justiça para evitar a greve e não pagar o reajuste previsto em lei aos professores da Rede Municipal de Ensino. Antes dela, só Gilmar Olarte (sem partido) recorreu ao Tribunal de Justiça para acabar com a paralisação, quando estudantes ficaram cerca de três meses sem aulas.
A greve ocorreu mesmo assim, e os alunos ficaram sem aulas por alguns dias. O impasse sobre o salário dos professores só foi resolvido no final de janeiro.
Obras quase parando
A Prefeitura de Campo Grande tem deixado de pagar empreiteiras responsáveis por obras importantes. A GTA Projetos e Construções Ltda encaminha três, mas todas a passos lentos, porque já pediu a rescisão contratual, que não foi analisada pelo município.
Os três contratos em vigor são as etapas C lote 1 e D de pavimentação de ruas do Bairro Nova Lima e implantação de corredor exclusivo na Avenida Calógeras, em trecho que vai da Avenida Mato Grosso até a Eduardo Elias Zahran, segundo o site Campo Grande News.
O Nova Lima é o bairro do presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB). A região começou a ser pavimentada após décadas e agora, a obra de pavimentação deve ser suspensa.
A revitalização da antiga rodoviária também passa por problemas, com atraso no cronograma de obras. Oficialmente iniciada em 15 de junho de 2022, a obra executada pela NXS Engenharia tem prazo de 12 meses de execução. Porém, a cinco meses do fim do prazo a obra está apenas 3% concluída, segundo dados oficiais, conforme apuração do Midiamax.
Futuro
E o Boletim Econômico de janeiro também traz um dado nada animador. Para o ano de 2023, estimativas preliminares da Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio indicam que o PIB de Campo Grande deve crescer entre 2,0 e 2,5% em termos reais, um recuo em relação ao projetado para 2022.
O motivo para a queda é a perda de fôlego de setores-chave da economia local: serviços, comércio e construção civil, além de incertezas geradas pela desaceleração da economia nacional e mundial.