A senadora eleita de Mato Grosso do Sul Tereza Cristina (PP) é tratada nos bastidores do Congresso Nacional como principal cabo eleitoral para eleger Rogério Marinho (PL-RN) à presidência do Senado.
A ex-ministra de Agricultura de Jair Bolsonaro (PL) é peça fundamental para conseguir a virada sobre o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), favorito na disputa pela presidência da Casa Alta. A expectativa é que o pessedista saia vitorioso com mais de 50 votos na 4ª feira, 1º de fevereiro.
Tereza teve papel de destaque no anúncio do bloco de apoio formado pelos partidos Republicanos, PP e PL para a candidatura de Marinho, no sábado (28). “É preciso ter harmonia e equilíbrio entre os poderes. Nossa campanha ganhou envergadura, e vamos ganhar as eleições, sim, pro bem de todos os cidadãos que querem isso. Trazer de volta o protagonismo do Senado”, discursou a líder do PP.
A postura de Cristina chegou a ser classificada como “assombrosa” por quem cobre o Congresso.
“É de líder de grêmio estudantil a energia da senadora Teresa Cristina à frente da campanha de Rogério Marinho para a presidência do Senado, pelo bloco PP/PL/Republicanos. O governo já constatou que ela é cabo eleitoral mais eficiente do que Alcolumbre para Pacheco”, relatou o jornalista João Bosco Rabello, que desde 1977 cobre política.
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Escondendo o jogo
Os outros dois senadores do estado, Soraya Thronicke (União Brasil) e Nelsinho Trad (PSD) fazem mistério sobre em quem vão votar. Ambos são pressionados por bolsonaristas, maioria dos eleitores em Mato Grosso do Sul, para não votar em Pacheco.
Nem o fato de ser do mesmo partido de Pacheco faz Nelsinho declarar o voto. O ex-prefeito da Capital tem dito que vai decidir após a reunião dos 13 senadores da sigla, prevista para os próximos dias.
Soraya afirmou que decidiu não declarar voto, por enquanto. “Ainda não decidi se abrirei o voto”, afirmou a senadora, que foi eleita na onda do bolsonarismo e passou a ter um papel de oposição contundente contra Bolsonaro.
A advogada sul-mato-grossense admitiu que a pressão dos bolsonaristas pela eleição de Marinho tem sido muito grande. “Um número exagerado (de manifestações contra Pacheco), e eu já disse ao líder do PL e também ao próprio Rogério Marinho que isso não ajuda, só atrapalha. Manter o modus operandi não é nada inteligente, mas enfim…”, afirmou a senadora.
Eleição
É eleito no Senado quem recebe a maioria absoluta dos votos (41 senadores). Se nenhum candidato alcança esse número, os 2 mais votados vão para um 2º turno de votação. É o que pretende Marinho. Ele conta com os votos do 3º e menos competitivo candidato, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), para esticar a disputa. O feito seria inédito, já que todos os ex-presidentes levaram no 1º turno.
O atual presidente recebeu apoio de 6 partidos –seja formal ou tácito. É apoiado por PSD, MDB, PT, União Brasil, PSB e PDT. A Rede e o Cidadania, com 1 senador cada, também o apoiam. Mas os 2 filiados a essas siglas, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Eliziane Gama (Cidadania-MA), decidiram trocar de legenda. Vão para o PT e o PSD, respectivamente.
Pacheco articulou mudanças que devem fazer com que o PSD, sua legenda, tenha a maior bancada. Marinho tem 3 siglas alinhadas à sua candidatura: PL, Progressistas e Republicanos. Podemos e PSDB são vistos como bancadas indefinidas.