Com a manutenção da polarização acirrada na política brasileira e com o objetivo de buscar a paz entre os fiéis, o bispo de Dourados, Dom Henrique Aparecido de Lima, recomendou aos padres que evitem assuntos políticos e partidários durante as missas. A medida foi tomada após polêmico sermão do padre Leão Pedro, na Catedral de Nossa Senhora da Conceição, em defendeu os acusados de atos golpistas, criticou Lula e falou inverdades sobre o aborto.
Católico praticante e incomodado com a pregação do sacerdote, o promotor de Justiça, João Linhares Júnior, encaminhou uma carta com reclamação ao bispo da cidade. No documento, relata que o sacerdote “politizou ostensiva e desnecessariamente o ato religioso” e teceu comentários “inverídicos”.
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Na linha bolsonarista, o padre chamou Lula de demônio e acusou o petista de tentar liberar o aborto pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Ele mesmo reconheceu que a legislação brasileira já permite a interrupção da gravidez em duas situações. Leão ainda defendeu os bolsonaristas presos acusados de invadir e depredar os prédios dos Três Poderes em Brasília.
“Ontem à tarde recebi a resposta da Igreja. O assunto foi resolvido pelo Bispo Dom Henrique. Ele concordou com meu requerimento e asseverará ao clero que assuntos político-partidários não devem ser abordados durante as missas para que a paz, a harmonia, bons sentimentos e o amor sejam predominantes e constantes entre os fiéis e os sacerdotes”, informou Linhares Júnior.
“E eu e o padre estamos em paz também”, garantiu, após a denúncia virar notícia e incendiar as redes sociais. Bolsonaristas condenaram o promotor e saíram em defesa do padre. Também teve gente que detonou o religioso e saiu em defesa do representante do Ministério Público.
“Não está mentindo, já que a ministra do governo atual disse isso! E ninguém pode ser preso sem o devido processo!”, concordou um leitor no Instagram. “Agora a perseguição será contra a igreja!”, acusou outro. “Não o querido promotor foi o único que estava na missa que se sentiu ofendido”, disse um internauta.
Outros concordaram com o promotor. “Muitos padres tirando o Cristo do altar e pondo políticos! Lamentável!”, postou um. “Desserviço desse religioso. A continuar templos religiosos servindo de palanque político partidário é preciso rever a isenção de impostos”, propôs um outro. “Ridículo, isso é padre?”, questionou um terceiro. “É isso aí. Só o que faltava padre facist@”, lamentou outro.
A polarização política vem causando divisões entre as famílias, rompimento de amizades de anos e até levando fiéis a abandonar as igrejas. Teve alguns casos que foram parar na polícia, como o envolvendo o deputado estadual Pedro Kemp e um aposentado na saída do Santuário de Nossa Senhora da Abadia, na Capital.