Um motoentregador entrou na justiça com pedido de indenização de R$ 450 mil contra o conselheiro Waldir Neves, do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS), e outros dois réus. Ele foi atropelado por um motorista que usava o carro do conselheiro, em agosto de 2022, em Campo Grande.
De acordo com o boletim de ocorrência, a vítima seguia em uma motocicleta Honda Fan pela avenida Afonso Pena, sentido Parque dos Poderes, quando foi atingido por um Toyota Corolla Cross XRV, que teria feito uma “manobra brusca e inesperada” ao entrar na via, onde estava estacionado à direita, causando a colisão.
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Além dos danos ao veículo, o motoentregador Paulo Roberto Alves da Rocha, 40 anos, precisou ser atendido por uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e encaminhado à Santa Casa da Capital. O motorista do carro não teve ferimentos.
A vítima teve fratura exposta do colo do 2º e 3º metatarso direito e fratura na clavícula esquerda, segundo laudo médico apresentado no processo.
Devido às fraturas e cirurgias realizadas para sua correção, a defesa de Paulo Rocha “busca seu direito em face à seguradora LIBERTY SEGUROS, ora Ré, contratada pelo proprietário do veículo envolvido no acidente,pois que em sua apólice de seguros contém valor destinado à cobertura de danos a terceiros”.
“É oportuno relembrar, que a Parte Autora faz jus ao recebimento de prêmio contratado por outrem pois se encontra na situação de “terceiro prejudicado” posto que o’proprietário do veículo contratou os serviços de seguro ofertados pela Seguradora Ré, os quais,em resumo, indenizam danos à terceiros no valor do limite da apólice contratada, a ser demonstrado pelas Partes Rés”, relata a defesa de Rocha.
Na ação de reparação de danos, protocolada no início de dezembro, o motoentregador pede indenização de R$ 200 mil, ou no limite da apólice de seguros contratada, por danos físicos, mais R$ 200 mil por danos estéticos, e mais R$ 50 mil por danos morais decorrentes do acidente.
A defesa de Paulo Rocha pede ainda realização de perícia, a ser custeada pelos réus, “para auferir a natureza e extensão dos danos causados” ao motociclista. Além de pagamento pelos acusados das custas processuais.
O processo tem como réus o conselheiro Waldir Neves, do TCE-MS, por ser dono do Toyota Corolla Cross XRV, que teria causado o acidente, o motorista Antonio Carlos Mathias, e a seguradora Liberty Seguros S/A.
O processo está sob análise da juíza Sueli Garcia, da 10ª Vara Cível de Campo Grande. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Waldir Neves e dos outros réus. O espaço fica aberto para manifestação dos mesmos.
Mais um processo
O processo é mais uma dor de cabeça ao ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado Waldir Neves, que é investigado pelos crimes de peculato, corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro na Operação Terceirização de Ouro. O conselheiro foi afastado do cargo e colocou tornozeleira por determinação do ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça.
Além de Neves, o magistrado afastou o presidente da corte, conselheiro Iran Coelho das Neves, e o corregedor-geral do TCE, conselheiro Ronaldo Chadid.
Waldir pediu à Justiça autorização para retirar a tornozeleira eletrônica para realização de cirurgia de emergência em São Paulo. O pedido foi autorizado pelo juiz Alessandro Carlo Meliso Rodrigues.