Ex-diretor-geral do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, o médico Salvador Walter Lopes de Arruda, 69 anos, vai a julgamento por importunação sexual em março deste ano. Ginecologista por mais de quatro décadas em Campo Grande, ele é réu em mais três ações, conforme despacho publicado no Diário Oficial da Justiça na semana passada.
A juíza Eucélia Moreira Cassal, da 3ª Vara Criminal, marcou a audiência de instrução e julgamento para o dia 31 de março, a partir das 14h. O médico perdeu o direito à suspensão condicional do processo porque responde a outras ações na 1ª, na 4ª e na 6ª Vara Criminal de Campo Grande.
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“Na decisão nos termos do artigo 397 do Código de Processo Penal, após não se vislumbrar qualquer das hipóteses de absolvição sumária, determinou-se vista ao MPE para que se manifestasse sobre o benefício da suspensão condicional do processo. O Parquet, por sua vez, apontou que o réu responde ações penais diversas e portanto, não faz jus ao benefício em tela”, relatou a juíza.
“Em consulta ao SAJ verifico que o(a) (s) acusado(a)(s) possui(em) ação penal em trâmite contra si, nos Juízos da 1ª, 4ª e 6ª Vara Criminal desta Comarca (autos nº 0029823-11.2020; 0016892-39.2021 e 0034739-88.2020, respectivamente), não preenchendo os requisitos legais (art. 89, Lei 9.099/95) para o benefício da suspensão condicional do processo”, concluiu. Todos os processos tramitam em sigilo.
Em setembro de 2020, o Campo Grande News relatou que a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher tinha concluído inquérito com quatro denúncias de importunação sexual contra o Dr. Salvador Arruda, como é conhecido. Outras duas denúncias tinham sido protocoladas por pacientes do médico.
Em um dos casos, uma professora universitária sofreu importunação sexual ao procurar o consultório de Arruda. “’O médico ainda perguntou o que a paciente gostava na cama’, ‘se gostava de ser chupada gostoso’, ‘que precisava conhecer a pessoa certa, porque às vezes a mulher não tem lubrificação e machuca’, ‘você tem cara de que gosta de foder’, ‘posso apostar que você está molhada agora’”, teria relatado a vítima à Polícia Civil.
Ao site, em setembro de 2020, o médico negou o conteúdo da conversa. Indagado sobre as afirmações, disse não se lembrar de ter tido as palavras citadas. No entanto, em depoimento à delegada, ele teria ficado em silêncio.
Há oito anos, Salvador Arruda foi denunciado pelo Ministério Público Estadual por importunação sexual, mas acabou absolvido em 2015. O caso foi encerrado porque a denunciante não compareceu às audiências.