O Conselho de Regulação aprovou, nesta quinta-feira (19), reajuste de 31% na tarifa dos ônibus do transporte coletivo de Campo Grande. Com isso, o valor passaria dos R$ 4,40 para R$ 5,80, um aumento cinco vezes maior do que a inflação. A decisão está nas mãos da prefeita Adriane Lopes (Patri).
As tratativas em relação ao reajuste da tarifa de ônibus para 2023 ocorrem desde outubro de 2022, data-base para a alteração do preço. Diante de meses de indefinição, acabou culminando na paralisação dos motoristas do transporte coletivo na quarta-feira (18).
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O aumento na tarifa é a causa do entrave nas negociações de reajuste salarial entre o Consórcio Guaicurus e os motoristas. Os trabalhadores cruzaram os braços porque exigem reposição salarial de 16%, enquanto as empresas só aceitam 6,45%. Os empresários afirmam que só retomam as negociações quando a prefeitura autorizar o reajuste no passe de ônibus.
Formado por membros da sociedade civil e órgãos da administração pública, o Conselho de Regulação estava programado para se reunir no próximo dia 24 de janeiro. Mas a greve dos funcionários do Consórcio Guaicurus fez com que o grupo se antecipasse.
O último reajuste ocorreu em janeiro de 2022, com atraso de três meses. Na ocasião, o aumento autorizado por Marquinhos Trad (PSD) ficou abaixo do calculado pela Agência Municipal de Regulação. Ele autorizou aumento de 5% e a tarifa passou de R$ 4,20 para R$ 4,40.
Em ofício encaminhado ao conselheiro Waldir Neves Barbosa, do Tribunal de Contas do Estado, no dia 21 de novembro do ano passado, o presidente da Agereg, Odilon de Oliveira Júnior, propõe um novo modelo de cálculo na tarifa, que prevê a remuneração pela distância efetivamente percorrida, pelos veículos operados e disponibilizados pelo Consórcio Guaicurus.
Júnior informou que o valor da tarifa, para garantir o equilíbrio econômico-financeiro, deveria ser de R$ 7,791 – o que significa aumento de 77% em relação ao valor atual de R$ 4,40. O valor vai quase dobrar em relação ao preço atual e será o mais caro do País. No Rio de Janeiro, o valor deveria ser de R$ 7,40, mas o Governo do Estado subsidia para manter o preço em R$ 5.
O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTCU-CG), enquanto isso, voltou a colocar os ônibus para circular nesta quinta. No entanto, há convocação de assembleia geral extraordinária para o próximo sábado (21), quando 1,5 mil trabalhadores do setor vão discutir o indicativo de uma nova paralisação.