Equipe da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patri), calculou que o valor da tarifa do transporte coletivo deve ter aumento de 77% e passar dos atuais R$ 4,40 para R$ 7,80. O valor é próximo dos R$ 8 reivindicados pelo Consórcio Guaicurus e pode colocar Campo Grande como detentora da passagem de ônibus urbano mais cara do País.
Com a segunda greve no transporte coletivo em nove meses, Adriane entra para o rol das gestões traumáticas, como foram a de Gilmar Antunes Olarte (sem partido) e de Alcides Bernal (PP). O primeiro enfrentou a greve dos professores e dos médicos. O segundo viu a cidade tomada pelo lixo com a paralisação dos garis.
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O aumento na tarifa do transporte coletivo é a causa do entrave nas negociações entre o Consórcio Guaicurus e os motoristas. Os trabalhadores cruzaram os braços porque exigem reposição salarial de 16%, enquanto as empresas só aceitam 6,45%. Agora, os empresários só vão retomar as negociações quando a prefeitura autorizar o reajuste no passe de ônibus.
A data-base era outubro. O último reajuste ocorreu em janeiro de 2022, com atraso de três meses. Na ocasião, o aumento autorizado por Marquinhos Trad (PSD) ficou abaixo do calculado pela Agência Municipal de Regulação. Ele autorizou aumento de 5% e a tarifa passou de R$ 4,20 para R$ 4,40.
Em ofício encaminhado ao conselheiro Waldir Neves Barbosa, do Tribunal de Contas do Estado, no dia 21 de novembro do ano passado, o presidente da Agereg, Odilon de Oliveira Júnior, propõe um novo modelo de cálculo na tarifa, que prevê a remuneração pela distância efetivamente percorrida, pelos veículos operados e disponibilizados pelo Consórcio Guaicurus.
Júnior informou que o valor da tarifa, para garantir o equilíbrio econômico-financeiro, deveria ser de R$ 7,791 – o que significa aumento de 77% em relação ao valor atual de R$ 4,40. O valor vai quase dobrar em relação ao preço atual e será o mais caro do País. No Rio de Janeiro, o valor deveria ser de R$ 7,40, mas o Governo do Estado subsidia para manter o preço em R$ 5.
Em São Paul, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), congelou o preço da tarifa em R$ 4,40. Ou seja, Campo Grande pode cobrar um preço 77% maior que o paulista. Além de fugir da discussão sobre a tarifa, a prefeita Adriane Lopes não se manifestou sobre a paralisação, que deixou cerca de 120 mil pessoas sem transporte coletivo nesta quarta-feira (18).
A paralisação dos trabalhadores é tema de audiência no Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região. Os motoristas convocaram assembleia geral no sábado para discutir greve por tempo indeterminado.
O Consórcio Guaicurus alega que não tem condições de manter o sistema funcionando sem o reajuste na tarifa, porque está tendo prejuízos milionários desde a pandemia da covid-19.