Um dos presos pelos ataques terroristas contra os prédios públicos em Brasília no domingo passado (8), o trabalhador rural Mário José Ott, 59 anos, propõe, em áudio enviado nos grupos de aplicativos, parar o País para obrigar o Exército a promover a intervenção militar, que é inconstitucional. Ele ainda defende a expulsão dos eleitores de esquerda e a volta do voto impresso.
Beneficiado com um lote no Assentamento Itamarati, em Ponta Porã, Ott foi presidente da APM (Associação dos Pais e Mestres) da Escola Carlos Pereira no distrito. Na mensagem, ele xinga o povo brasileiro por ter votado no atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Veja mais:
Governo diz que decreto foi “erro” e Defensoria criará canal para ajudar bolsonaristas presos
STF usa vídeo de procurador de MS para incluir Bolsonaro em inquérito de atos antidemocráticos
Lista de presos por atentados terroristas em Brasília conta com 11 bolsonaristas de MS
“Não sei se o povo é burro ou é vagabundo mesmo porque votou em um condenado, bandido e assassino que matava o povo na porta do SUS (Sistema Único de Saúde) e nos corredores dos hospitais”, esbraveja.
“Dava uma miserinha, roubava nosso dinheiro e dava uma miséria para o povo e ainda vai votar nele. Esse povo tem que comer merda”, critica. “O pior é que a gente paga junto”, diz, sobre a vitória de Lula, que obteve 60,3 milhões de votos, contra 58,2 milhões de Jair Bolsonaro (PL).
Em seguida, o assentado propõe separar o País. “Se fosse separar o Brasil, pôr esse povo para um lado e o da direita para outro, seria bom demais”, propõe Ott. Para implementar a ideia, ele defende uma revolução. “Expulsasse tudo da esquerda”, propõe, sobre os 60,3 milhões que votaram em Lula.
“Mas a nossa saída hoje é ir para a rua, fechar o País e fazer o Exército assumir essa merda, porque quero ver se esses vagabundos não vão trabalhar”, afirmou. Em seguida, ele repete a tese de Bolsonaro de que a eleição foi roubada.
“Vamos parar, fechar este País, exigir voto impresso, senão não tem eleição”, defendeu, apesar de nunca ter sido provado fraude desde a adoção da urna eletrônica em 1996. Ott é um dos quatro presos de Ponta Porã pela invasão e destruição do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto no dia 8 deste mês.