A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou, no discurso de posse nesta quinta-feira (5), que vai colocar os mais pobres no orçamento, como pediu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Nós estamos no Governo e somos do Governo a partir de agora”, ressaltou, minimizando as divergências com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
No discurso, ela voltou a criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem passou a fazer forte oposição desde a CPI da Covid. “Nos últimos anos, faltou vacina, faltou comida, faltou remédio, faltou emprego, faltou educação, faltou cultura. Faltou sustentabilidade. Faltou vida”, acusou.
Veja mais:
Simone começa a montar equipe e só falará sobre economia após reunião com Haddad
Nomeada ministra, Simone se licencia do Senado e suplente pode assumir por 30 dias
Simone dá a volta por cima: de eleição perdida a poderosa da República no Governo Lula
Simone também disse que vai seguir o ensinamento de São Francisco de Assis. “Onde há ódio, que todos nós levemos o amor”, aconselhou. “O capitão e sua tropa deixaram sementes de destruição”, frisou.
A ministra contou que chegou a descartar cargos no Governo federal. No entanto, Lula a convenceu a aceitar o Ministério do Planejamento e a se tornar a número 2 na equipe econômica. Na sua avaliação, a economia era a única área em que tinha divergência com o PT. “O presidente é um democrata e não quer os iguais, ele quer os diferentes para se somar”, explicou, sobre a sua nomeação para uma pasta, na qual pode entrar em confronto com Haddad.
A ministra voltou a criticar Bolsonaro por ter extinguido a pasta do Planejamento. “Isso tudo porque, no primeiro dia do seu mandato, ele já começou a desgovernar, a governar sem rumo, ao extinguir o Ministério do Planejamento”, cutucou.
“Teremos, portanto, os melhores diagnósticos, para indicar os caminhos mais apropriados para alterar a triste realidade de sermos proporcionalmente um dos países mais desiguais de todo o planeta”, propôs.
“Seremos alicerce, como base de suporte para todos os ministérios, o que significa diagnósticos bem elaborados, objetivos bem definidos, metas factíveis, estratégias condizentes com fontes garantidoras de financiamento, seja no orçamento público ou por meio de parcerias com a iniciativa privada, e avaliações periódicas que retroalimentem todas as outras fases”, prometeu.
“A importância do planejamento é tamanha que, sem ele, seria algo assim como primeiro ir à farmácia, pesquisar os remédios disponíveis e os preços de cada um, para, somente depois, determinar a doença do paciente. Periga enfaixar braços, quando o mal poderia ser úlcera no estômago”, explicou.
“O cobertor é curto. Não temos margem para desperdícios ou erros. Definidas as prioridades por cada ministério, caberá ao Ministério do Planejamento, em decisão técnica e política com as demais pastas econômicas e com o presidente Lula, o papel de enquadrá-las dentro das possibilidades orçamentárias”, disse.
Confira a solenidade de posse de Simone Tebet
“Como uma de nossas prioridades, vamos tirar do papel, e este é um sonho que tenho como professora universitária, desde que entrei na sala de aula. Tirar do papel um plano nacional de desenvolvimento nacional”, defendeu.
“É inadmissível que, como expressão maior dessa nossa dívida, continuemos nesta situação vergonhosa em que a cara mais pobre do Brasil seja a de uma mulher, negra e nordestina”, ressaltou.
“São muitos os desafios, é verdade, estou pronta, para juntos Haddad, Alckmin e Ester Dwek, combater a inflação, os juros altos, a miséria e a fome”, ressaltou, sobre as prioridades, acrescentando que pretende dar aos empresários segurança jurídica e previsibilidade para garantir os investimentos no desenvolvimento econômico do País.
A posse de Simone foi prestigiada pela equipe econômica, inclusive Haddad e pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, pelo ex-presidente José Sarney (MDB), e pelo vice-governador de Mato Grosso do Sul, José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PP).