Empossado como o 12º governador de Mato Grosso do Sul aos 53 anos, Eduardo Corrêa Riedel (PSDB), não detalhou metas nem projetos para Mato Grosso do Sul. No discurso, logo após receber a faixa no Plenário da Assembleia Legislativa neste domingo (1º), o tucano destacou o legado e exaltou a gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB), seu padrinho político.
Conforme o novo governador, Reinaldo deixou o Estado em outro patamar, apesar de ter enfrentado a “mais dramática, longa e perversa recessão econômica dos últimos 100 anos, seguida de uma pandemia mundial de coronavírus”.. Na sua avaliação, o antecessor soube transformar crises em oportunidade.
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“Ao contrário de muitos outros estados, partiremos de um novo patamar. Isso só está sendo possível porque esteve à frente do Executivo um dos melhores governadores da nossa história – Reinaldo Azambuja. Sob sua liderança determinada, instalou-se aqui uma administração com forte vocação reformadora”, afirmou.
Ao longo de um discurso genérico e sem detalhar as prioridades da nova gestão, que começa neste domingo, Riedel exaltou os dois mandatos de Reinaldo. “É um dos melhores governadores do País”, ressaltou.
“Não desanimou perante os ataques e injustiças, que aos poucos vão se esclarecendo e recolocando a verdade no seu devido lugar”, afirmou o governador, sem citar nominalmente, mas fazendo referência às denúncias de corrupção contra o antecessor, feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Reinaldo foi denunciado ao Superior Tribunal de Justiça por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
De acordo com a Ação Penal 980, que vai descer para a Justiça estadual com o fim do foro privilegiado de Reinaldo, o tucano teria recebido R$ 67,7 milhões em propina da JBS e causou um prejuízo de R$ 209,7 milhões ao erário. A denúncia foi feita vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, e está parada no STJ desde julho do ano passado.
“Que não adiou decisões necessárias, mesmo as mais penosas e impopulares, por temor à crítica e ao desgaste. Não cedeu às pressões do corporativismo ou ao populismo desenfreado”, afirmou.
“Um governo que não tergiversou perante suas responsabilidades e teve coragem para fazer as reformas e mudanças necessárias, para superar as grandes crises contemporâneas”, ressaltou Riedel, sobre o antecessor, que ficou famoso por aprovar o aumento de impostos, como IPVA, ICMS, ITCD e Fundersul e a redução de 32% no salário dos professores convocados.
“E aqui, aproveito para render minhas sinceras homenagens, meu reconhecimento, meu respeito, minha amizade e meu agradecimento ao governador que, em 2014, propôs e entregou a mudança de verdade. Obrigado, governador Reinaldo”, destacou.
Já sobre as prioridades, Eduardo Riedel foi genérico. “Para tanto, é nosso dever assistir os mais vulneráveis, sem, no entanto, compactuar com a eternização da pobreza extrema”, destacou, sem citar quando será ampliado o valor do Mais Social de R$ 300 para R$ 450, como prometeu na campanha, ou a gratuidade no transporte coletivo.
“Nosso grande desafio sempre será incluir à vida produtiva, a cidadania plena, os que estão à margem da nossa sociedade organizada”, disse, sem explicar como pretende implementar as medidas.
“Estamos conscientes que é necessário continuar crescendo e prosperando em harmonia com nosso meio ambiente, com práticas que nos levem cada vez a descentralizar nossa economia e que isso se transforme num grande ativo para o Mato Grosso do Sul. Proteger nossa preciosa biodiversidade e a própria vida futura”, comprometeu-se.
“Uma saúde pública resolutiva que se aproximará cada vez mais da vida dos cidadãos em cada cidade, com a conclusão do processo de regionalização no atendimento de média complexidade e o incremento da atenção básica, sempre sob a luz do conhecimento e da ciência. Compromissos dos municípios e Estado serão um”, disse, de forma genérica sobre a saúde, onde milhares aguardam pela realização de exames e consultas médicas.
“Um estado seguro, estável, que funciona sob o império das leis e da ordem é suporte fundamental ao ciclo de avanços que está por vir. Contaremos com nossas forças de segurança recompostas, reequipadas e com forte modernização tecnológica para combater o crime organizado, avançar no grande desafio das fronteiras e garantir a paz social”, disse, sobre segurança pública.
Pela primeira vez quatro décadas, a passagem da faixa ocorreu não ocorreu na Governadoria, sede do Governo, e foi transferida para a Assembleia.
Confira o discurso de Eduardo Riedel na íntegra:
“Senhoras e senhores,
Cidadãos e cidadãs sul-mato-grossenses,
Inicio meu primeiro pronunciamento como governador empossado do Mato Grosso do Sul reafirmando cada um dos compromissos que assumi com princípios que professei durante toda a minha vida.
São valores permanentes que sempre me acompanharam nesta já longa caminhada, como homem, pai de família, empresário, produtor, presidente de Sindicato Rural; presidente da nossa Federação de Agricultura e vice-presidente da CNA; presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae; e, na vida pública, secretário de Estado de Governo e titular da Infraestrutura.
Deles jamais me afastei um só instante sequer.
E tem sido assim, porque eles significam um inestimável legado daqueles que vieram antes de nós, repassados de pai e mãe para os filhos, e assim perpetuados de geração a geração.
Trata-se da crença em uma condição primordial, inegociável – viver com honra, colocar a cabeça no travesseiro e dormir.
Da convicção consolidada, de que é possível fazer política com ética.
Do compromisso de governar com máxima transparência e de tratar com respeito e reverência cada centavo de dinheiro público arrecadado com o sacrifício das empresas e dos cidadãos;
Trabalhar, de forma obsessiva, para garantir eficiência e resolutividade ao gasto público, devolvendo à sociedade, em forma de investimentos transformadores da nossa realidade, o que ela contribui em forma de impostos.
Para tanto, o estado não pode ser um fardo penoso a ser carregado, um instrumento de punição a quem trabalha e produz ou barreira quase intransponível aos que querem crescer e melhorar de vida.
O estado tem que assumir integralmente e legitimamente suas responsabilidades e o seu dever: ser instrumento de desenvolvimento de seu cliente fundamental – a população, único motivo que justifica a sua existência.
Desse ponto de vista, é imprescindível avançar muito mais sem perder a empatia, implantando um regime de forte apreço à equidade, que nos transformará em um estado mais moderno e desenvolvido, porque mais justo e solidário.
Para tanto, é nosso dever assistir os mais vulneráveis, sem, no entanto, compactuar com a eternização da pobreza extrema.
Nosso grande desafio sempre será incluir à vida produtiva, a cidadania plena, os que estão à margem da nossa sociedade organizada.
Estamos conscientes que é necessário continuar crescendo e prosperando em harmonia com nosso meio ambiente, com práticas que nos levem cada vez a descentralizar nossa economia e que isso se transforme num grande ativo para o Mato Grosso do Sul. Proteger nossa preciosa biodiversidade e a própria vida futura.
E tudo isso precisa funcionar, na prática, em cada um dos nossos 79 municípios, que é onde os problemas, os grandes potenciais e os desafios reais vicejam.
Este, em resumo, é o elenco fundamental da nossa agenda que começa efetivamente hoje.
Ao contrário de muitos outros estados, partiremos de um novo patamar.
Isso só está sendo possível porque esteve à frente do Executivo um dos melhores governadores da nossa história – Reinaldo Azambuja.
Sob sua liderança determinada, instalou-se aqui uma administração com forte vocação reformadora.
Uma gestão que não fugiu dos problemas;
Que não adiou decisões necessárias, mesmo as mais penosas e impopulares, por temor à crítica e ao desgaste;
Não cedeu às pressões do corporativismo ou ao populismo desenfreado;
Não permitiu extremismos e confrontos inúteis.
Não aquiesceu ou foi conivente com o nefasto aparelhamento do estado e os seus desvios de finalidade.
Não desanimou perante os ataques e injustiças, que aos poucos vão se esclarecendo e recolocando a verdade no seu devido lugar.
Um governo que não tergiversou perante suas responsabilidades e teve coragem para fazer as reformas e mudanças necessárias, para superar as grandes crises contemporâneas.
É bom que se lembre:
Enfrentamos, nesses anos, a conjuntura mais adversa e desafiadora da história recente do Brasil – a mais dramática, longa e perversa recessão econômica dos últimos 100 anos, seguida de uma pandemia mundial de coronavírus.
Dos oito anos de governo, Reinaldo Azambuja governou 5 sob o signo das grandes crises, navegando em mar revolto e tempestades enormes.
Hoje, olhando para o curso do tempo, talvez seja possível concluir que foi justamente esta condição que fez a diferença para gerar os resultados alcançados por Mato Grosso do Sul. Como diz o ditado: a crise faz oportunidade.
Acredito que tempos desafiadores moldam sociedades fortes, maduras, mobilizadas, e conscientes dos seus direitos e deveres.
Não foi por mero acaso que, na hora mais difícil, o Mato Grosso do Sul liderou o combate à pandemia e, ao mesmo tempo, foi o estado que mais cresceu no Brasil.
Tive a responsabilidade de compartilhar as complexas decisões de governança neste período, que, para mim, representaram um formidável tempo de aprendizado.
Sempre tivemos a convicção de que a opção consciente pelo complexo caminho das reformas seria, mais adiante, o mais recompensador. Como de fato está sendo.
Este grande esforço determinado nos entregou como obra mais importante a transição para um novo modelo de estado. Essa Casa teve uma participação fundamental nesse processo.
Passo a passo estamos vencendo o gigantismo, a leniência, o desperdício e as distorções de um modelo de governança antigo, incapaz de entregar os resultados esperados pelos cidadãos e cidadãs. A sociedade é cada vez mais dinâmica e temos que responder a isso. É nossa obrigação.
Hoje, com orgulho, vemos o Mato Grosso do Sul disputando as primeiras posições nos mais importantes rankings de desempenho dos governos no país.
Evidentemente, está não é, e jamais será, uma obra acabada, concluída.
Mas tenha a certeza de que o mais importante está feito: foram lançados os novos paradigmas da boa gestão pública no nosso estado, que se consolidam agora sob a égide de resultados exponenciais em todos os campos da administração.
E aqui, aproveito para render minhas sinceras homenagens, meu reconhecimento, meu respeito, minha amizade e meu agradecimento ao governador que, em 2014, propôs e entregou a Mudança de Verdade. Obrigado, governador Reinaldo.
Ela está aí, viva, na pujança do estado que mais cresce no país. No terceiro menor desemprego e nas taxas menores de pobreza extrema do Brasil.
É desse novo patamar que terei a honra de conduzir o nosso estado para o grande salto.
O salto definitivo em busca de um novo futuro para a nossa gente.
Estou absolutamente consciente das minhas enormes responsabilidades. O desafio é gigante.
Vamos trabalhar para prover mais e mais crescimento, mas agora distribuindo os seus frutos com mais equilíbrio e justiça e alto grau de responsabilidade social e ambiental.
A educação pública terá papel crucial na formação da cidadania e inclusão de milhares de cidadãos ao processo produtivo, com a busca permanente de oportunidade a todos.
Uma saúde pública resolutiva que se aproximará cada vez mais da vida dos cidadãos em cada cidade, com a conclusão do processo de regionalização no atendimento de média complexidade e o incremento da atenção básica, sempre sob a luz do conhecimento e da ciência. Compromissos dos municípios e Estado serão um.
Um estado seguro, estável, que funciona sob o império das leis e da ordem é suporte fundamental ao ciclo de avanços que está por vir. Contaremos com nossas forças de segurança recompostas, reequipadas e com forte modernização tecnológica para combater o crime organizado, avançar no grande desafio das fronteiras e garantir a paz social.
Os programas sociais se somarão a outras iniciativas na busca permanente pela plena cidadania a cada Sul-mato-grossenses, esforço para ir além dos limites da tradicional transferência de renda, buscando a redução efetiva e consistente da extrema pobreza.
Vou governar com o nosso programa de governo na mesa, o tempo todo, para ser guiado pelos compromissos que assumi e que foram aprovados pela expressão do voto livre e direto da população. E os instrumentos de gestão, modernos ativos e resolutivos como os contratos de gestão a cada área de política pública, serão peças inegociáveis.
Ele define bem o tamanho do nosso desafio coletivo: vamos trabalhar juntos em busca de um Mato Grosso do Sul próspero, verde, digital e inclusivo.
Meus amigos e minhas amigas,
Vencemos uma das eleições mais difíceis de nossa história.
Nenhuma, nesses 45 anos de existência, reuniu tantas lideranças com extensa carreira e folha de serviços prestados ao estado.
Partimos, no começo de tudo, de uma condição de total desconhecimento – e porque não dizer até de dúvida e descrédito – para uma grande vitória.
Tenho total convicção de que o principal ativo que nos trouxe até aqui foi o compromisso expresso com as grandes causas do nosso povo e do nosso estado.
Fizemos uma campanha propositiva, aberta, alegre, transparente, baseada no grande e necessário debate político sobre o futuro e, principalmente, sobre o que as pessoas esperam.
Enquanto muitos perderam tempo com os tradicionais ataques da velha política, discutimos com os segmentos da sociedade organizada nossas propostas.
Participamos de todos, literalmente todos os debates.
Percorremos cada município.
Com leveza e maturidade, soubemos ouvir e guardamos com atenção as críticas e os descontentamentos, matéria-prima para corrigir, aperfeiçoar ou mudar o que não funciona bem e merece revisão.
Da mesma forma que recebemos o apoio de diversos segmentos políticos, sociais e econômicos que formam Mato Grosso do Sul. Farei um governo aberto, democrático e plural, para atender com responsabilidade toda a diversidade da nossa população e de suas demandas.
Sem restrições e preconceitos, vou governar para todos. Inclusive para aqueles que não votaram e escolheram o nosso projeto.
A eleição acabou.
É hora da grande reconciliação da nossa gente.
Ela será o primeiro passo para que possamos, todos juntos, seguir em frente, trabalhando por tempos melhores.
Esta também é a minha expectativa sobre nossos adversários e a oposição.
Eles aqui sempre encontrarão um governador disposto ao diálogo construtivo, apesar das naturais divergências.
Esta também será a postura institucional deste governador, perante o Administração Federal que hoje também é empossada.
Se somos vocacionados ao diálogo institucional respeitoso e propositivo, também seremos intransigentes defensores dos interesses do povo de Mato Grosso do Sul.
Sul-mato-grossenses,
Não poderia encerrar este primeiro pronunciamento sem registrar o meu sincero agradecimento a todos os que contribuíram com o nosso projeto.
Partidos de diversos campos políticos, que levaram, através das suas militâncias, nossa mensagem a todos os cantos do nosso estado;
Candidatos aos Parlamentos estadual e federal, de diversas bancadas;
Prefeitos, vereadores e lideranças de cada um dos 79 municípios.
Companheiros de secretariado e servidores, com quem aprendi e compartilhei ideias para vencer nossos grandes desafios;
Especialistas e ativistas dos diversos campos do conhecimento e dos setores organizados da nossa sociedade civil, que deram uma generosa contribuição ao nosso programa.
A todos vocês, meu muito obrigado pela colaboração consistente e desprendida.
Ela foi de tal ordem relevante, que uma das principais inovações do nosso governo será a instalação de diferentes conselhos de governança setoriais, com intensa participação da representação da nossa sociedade.
É uma iniciativa que reflete o nosso desejo e nossa disposição de administrar conectados com a agenda das pessoas, da população, para jamais nos afastarmos da vida real, dos problemas cotidianos, demandas e sonhos da nossa gente.
Nesta direção, é meu desafio pessoal governar o tempo todo sem perder a condição básica de cidadão comum.
Cidadão que luta para vencer as dificuldades, pagar as contas e superar as distorções de um país ainda tão injusto e extremamente desigual;
Cidadão que se preocupa com a formação e o futuro dos filhos;
Cidadão que pena nas filas da saúde, em busca de um atendimento respeitoso.
Que enfrenta a burocracia para conseguir um documento simples, que poderia estar acessível a um simples toque nas ferramentas digitais.
Cidadão que não perde a capacidade de se indignar perante eventual má gestão dos recursos públicos.
Sei que não estarei sozinho nesta tarefa.
Contarei com a colaboração permanente das instituições sul-mato-grossenses e associações de representação das forças sociais e produtivas e da sociedade do novo estado, alavanca sempre propulsora do processo de modernização.
E com o apoio incondicional e amoroso de minha família, onde está o esteio enraizado dos nossos valores para nesta nova fase de vida.
E deles sei que também contarei com as advertências e alertas, como contei a vida toda – com a sensibilidade e o incentivo da Mônica, minha esposa, para causas coletivas e para com o outro. Você se superou, foi fundamental nessa campanha. Obrigado! O olhar crítico e atento dos meus filhos, participando, aprendendo e ensinando. As ponderações, união, confiança e compreensão dos meus irmãos, meus pais Nelson e Seila, por tudo que me proporcionaram, mas principalmente pelos sólidos valores construídos em mim. E, aos parceiros de primeira hora, que sempre estiveram ao meu lado no enfrentamento dos grandes desafios.
Quero que saibam, senhoras e senhores: este é o maior desafio de toda minha vida.
A ele vou me entregar de corpo e alma, trabalhando, sem descanso, para honrar cada voto de confiança que recebi.
Estamos prontos para começar um novo ciclo.
Convido cada sul-mato-grossense a ser companheiro de jornada, aliado permanente e colaborador no processo de construção de um novo futuro e uma vida melhor para todos que aqui moram e residem.
Que Deus nos abençoe e nos ilumine no caminho certo, da justiça e do bem comum.
Muito obrigado! Que Deus nos Abençoe.”
Eduardo Corrêa Riedel
Governador do Estado de MS”